sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As Horas



Sinopse: Em três períodos diferentes vivem três mulheres ligadas ao livro "Mrs. Dalloway". Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e idéias de suicídio. Em 1949 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo. (Fonte: Adoro Cinema)

Motivo para assistir: Como ser original contando uma história conhecida

Estreia – 28/02/2003 – A primeira cena de As Horas (o suicídio de Virginia Woolf) mostra que é possível realizar grandes dramas sem deixar de entregar uma produção caprichada, com cenas grandiosas. O espectador-médio sentirá falta de ter lido Sra. Dalloway, um dos primeiros romance da escritora – que teve As Horas como primeiro título. Mesmo assim, ficará pregado na cadeira aguardando o cruzamento das três histórias. O roteirista David Hare, vencedor pelo Sindicato dos Roteiristas, e indicado ao Oscar duas vezes por dois trabalhos notáveis (As Horas e O Leitor) faz parecer simples o complexo trabalho de intercalar três narrativas em menos de duas horas. As Horas é um romance vencedor do Prêmio Pulitzer em 1999, escritor por Michael Cunningham, que escreveu para o cinema Ao Entardecer, outro longa com Meryl Streep muito elogiado e ainda não visto pelo blog. Já o diretor Stephen Dalry (quatro filmes e três indicações ao Oscar: Billy Elliot, As Horas e O Leitor. Tão Longe e Tão Perto pode lhe render a quarta em 2012) e o experiente editor Peter Boyle (também indicado por esse trabalho) atingem o equilíbrio necessário para que o longa seja fácil de digerir e que nenhum ego das três grandes protagonistas seja ferido.

Porém, o maior destaque talvez seja o uso constante da trilha sonora, que passa longe da mera repetição incidental e é usada como importante elemento de As Horas. Ela também foi lembrada pela Academia, que nomeou a produção a dez prêmios. Além dos já citados, apareceu nas categorias Filme, Atriz e Ator Coadjuvantes (Julianne Morre e Ed Harris) e Figurino, perdendo em quase todas as categorias para Chicago. Sem contar o prêmio de Atriz para Nicole Kidman e seu nariz perfeitamente falso, que levaram também o Bafta, o Globo de Ouro e dividiram o troféu do Festival de Berlin com Moore e Streep. Nariz falso, aliás, que ao ser retocado por computador, desqualificou As Horas a concorrer como melhor maquiagem no Oscar. O esforço de Kidman para o papel, sem dúvida o melhor da carreira, foi recompensando. Apesar de ser laureada como atriz principal, sua participação é a menor. Dura 28 minutos, enquanto a de Moore dura 33 e a de Streep 42. Ela chegou a aprender a escrever com a mãe direita para representar Woolf fiel e naturalmente, assim como Julia Roberts em Erin Brokovich dois anos antes (ela também venceu o Oscar). Optou por não imitar a voz de Woolf, conhecida por ser esquisita, evitando dar um ar cômico à personagem. Gostou tanto de seu nariz que continuava usando fora das filmagens para fugir dos curiosos que a perseguiam (à época ela atravessava o processo de divórcio com Tom Cruise).

Cada um encontrará uma trama que lhe interessa mais do que outra. A vida de Laura Brown, que projeta Sra. Dalloway – o livro que está lendo naquele momento – em sua vizinha, me parece menos marcante que a de Clarissa, que foge de sua realidade de outra maneira, cuidando mais de Richard do que de si mesma. Moore está muito madura em seu papel, inspirado na mãe do autor do livro. Na pós-produção, Cunningham pediu para lhe enviarem alguns trechos de As Horas pois sua mãe, em fase terminal de câncer, queria assistir o máximo que pudesse antes de falecer. Streep, como sempre, entrega uma interpretação muito convincente, no papel de uma senhora frustrada não só com sua vida, mas com a idéia de não ter mais idade para buscar a felicidade. Ela optou por não reler Sra. Dalloway para o filme, pois, assim como sua personagem, já havia lido na época da escola e não tinha entendido muita coisa. Um filme notável, feito para assistir mais de uma vez. Nota 9



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