quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Aguirre, a Cólera dos Deuses



Sinopse: Algumas décadas após a desconstrução do império Inca, uma expedição espanhola deixa as montanhas do Peru e rumam para o rio Amazônia em busca de ouro e outras riquezas. (Fonte: Cine Menu)

Motivo para assistir: Cinema de guerrilha

Estreia – 29/12/1972 (na Alemanha Ocidental) – Partindo da expedição de Pizarro pela América Espanhola em 1560, Werner Herzog, ícone do cinema alemão moderno ao lado de Wim Wenders e Rainer W. Fassbinder, na produção que lhe deu projeção internacional (mas foi reconhecido apenas com uma indicação ao César de filme estrangeiro) entrega uma obra única. Cumpre dizer que não há muito de história real, a despeito da informação passada no começo de A Cólera dos Deuses. O roteiro foi escrito em dois dias e meio por Herzog, enquanto ele viajava com seu time de futebol. Numa noite de bebedeira um jogador vomitou na maioria das páginas e ele teve que reescrever grande parte do texto.

Dez anos antes de sua mania de grandeza aflorar e o diretor alemão entregar Fitzcarraldo, Aguirre já viajava pelas margens do Rio Amazonas contando a história de um homem que sonha construir uma colônia independente (El Dorado), se transformando em um novo Cortez (conquistador do México). As belas imagens e o registro perto do documental elevam Herzog a uma espécie de diretor-antropólogo, preocupado em reconstruir as raízes da América. Visão que Hollywood teria apenas em 1986 com o lançamento de A Missão. Seu amor pelo cinema não esmoreceu, tanto que aos setenta anos ele continua dirigindo em média um filme por ano (são 56 longas em 50 anos de carreira).

A coragem dos realizadores se aventurarem em local desconhecido é admirável e as imperfeições técnicas merecem ser relevadas – a mão do cinegrafista (o próprio Werner) aparece em uma das sequências iniciais. A equipe possuía apenas oito pessoas e nenhum storyboard foi desenvolvido – tudo filmado espontaneamente. Os negativos chegaram a serem perdidos por semanas perto da finalização das filmagens, de tão precárias as condições. Klaus Kinski, por exemplo, se transformaria na “musa” de Herzog – apesar da relação conturbada de ambos. Disse o diretor que mais de uma vez sua estrela ameaçou ir embora das gravações e que, caso isso ocorresse, ele mataria Kinski e se suicidaria depois. Já Klaus (falecido em 1991) gostava de contar que Herzog andava pelo set com um revólver (informação nunca confirmada por este). Aguirre é tão bom quanto Fitzcarraldo por outros aspectos (há uma maior preocupação na formação dos personagens, por exemplo). O pouco uso de efeitos é o responsável para que o longa mantenha até hoje o mesmo impacto visual. Nota 8



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