quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Amistad



Sinopse: O navio negreiro espanhol La Amistad é capturado na costa dos EUA, depois que os 53 africanos a bordo se amotinam. Durante o julgamento dos escravos, vários interesses entram em jogo: a luta abolicionista, a reeleição do presidente americano, as boas relações internacionais (entre EUA e Espanha, dona do navio). Diante das proporções que o evento toma, o ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não assumido, resolve sair da sua aposentadoria voluntária para defender os africanos na Suprema Corte Americana. (Fonte: Cine Click)

Motivo para assistir: O nascimento do sentimento abolicionista nos Estados Unidos

Estreia – 20/02/1998Pablo Villaça em seus comentários sobre Cavalo de Guerra comparou o mesmo a Amistad como tentativas melodramáticas e apelativas de contar uma história. A produção de 1997 lançada entre os premiados A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan bebe na fonte do segundo pelo começo visceral e violento, retratando o motim a um navio negreiro. É contemplativo sem ser bonito, não possui objetividade e é difícil não enxergar ali uma tentativa frustrada de Spielberg em ser experimental.

Ocorre que, por ser o blogueiro um operador do Direito, não há como, mesmo identificando diversos erros em Amistad, não atentar pela maneira fiel como a briga jurídica que ocupa grande parte do filme é mostrada. A discussão para qualificar os negros como propriedade dos donos do navio, dos marinheiros que os encontraram ou da Coroa Espanhola – bem como o nascimento da teoria abolicionista – não permite classificar a produção como ruim.

O longa, por exemplo, revelou Djimon Hounsou, que foi indicado duas vezes ao Oscar de ator coadjuvante, por Terra de Sonhos e Diamante de Sangue. Já Anthony Hopkins foi lembrado pelo Oscar como ator coadjuvante (perdendo para Robin Williams, por Gênio Indomável), que indicou a produção em outras três categorias: Fotografia, Figurino e Trilha Sonora. Porém, o roteiro de David Franzoni (vencedor do prêmio de melhor filme da Academia por ser um dos produtores de Gladiador) sofreu acusação de plágio de Barbara Chase-Riboud, que escreveu livro com a mesma história e chegou a ser levado à produtora Amblin, de Spielberg (e sua compra de direitos, negada).

O viés democrático, o respeito às instituições nas Treze Colônias recém-independentes e a instauração do Tribunal do Júri desde os seus primórdios formam um prato cheio para quem gosta da Ciência do Direito. Os menos familiarizados encontrarão interesse na dificuldade de advogar para pessoas que (literalmente) não falam a mesma língua. Os interessados em Política e História já optarão por observar a gênese da Guerra Civil Americana e a relativização da independência dos três Poderes logo no início da era democrática. Pena que, ao final, voltem as tomadas longas e o ritmo inconstante. Amistad exige boa vontade, mas está longe de ser um fracasso. Nota 6



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