sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Amargo Regresso




Sinopse: A Versátil e a Metro-Goldwyn-Mayer apresentam Amargo Regresso, um dos filmes mais aclamados da década de 70. Vencedor de 3 Oscar, melhor atriz (Jane Fonda), ator (Jon Voight) e roteiro original; e do Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes; este clássico pacifista é apresentado em Edição Especial, com quase uma hora de vídeos extras, incluindo making of. Em 1968, Bob Hyde, um oficial da Marinha americana, embarca para o Vietnã. Sally, sua esposa, vai trabalhar em um hospital de veteranos e lá se apaixona por Luke Martin, um sargento que ficou paraplégico na guerra. Quando Bob volta aos Estados Unidos, os três precisarão lidar com o impacto de uma guerra brutal e distante que mudou suas vidas para sempre. Hal Ashby, o diretor de Muito Além do Jardim e Ensina-me Viver, realiza, com grande sensibilidade e humanismo, um drama emblemático sobre os traumas da Guerra do Vietnã. (Fonte: Inter Filmes)

Motivo para assistir: Como a arte pode mudar a visão sobre uma guerra

Estreia – 15/02/1978 (nos EUA) – A geração sexo, drogas e rock and roll de Hollywood encontrava-se em plena queda livre quando Amargo Regresso foi lançado. Talvez por não nutrir mais a mesma simpatia da crítica da época de Sem Destino, Taxi Driver e O Poderoso Chefão, a qualidade e importância desta produção de 1978 não seja devidamente exaltada. Mesmo assim, a mesma foi indicada à Palma de Ouro em Cannes (venceu como melhor ator) e ganhou três dos cinco principais Oscars (ator, atriz e roteiro), sendo indicado a filme, diretor, ator e atriz coadjuvantes e edição. Portanto, sua qualidade é incontestável. O editor vencedor do Oscar em 1967 por No Calor da Noite Hal Ashby dirigiu seu primeiro longa em 1970 aos quarenta anos e teve uma década de 1970 impecável na nova função (Ensina-me a Viver, Shampoo, Esta Terra é Minha, Amargo Regresso e Muito Além do Jardim) e uma década de 1980 de trevas, até falecer em 1988.

A trilha sonora com canções de Bob Dylan, Steppenwolf, Simon e Garfunkel, Beatles e (muito) Rolling Stones remete ao longa de Dennis Hopper e Peter Fonda acima citado, divisor de águas no cinema americano. Todavia, ao abordar o constante trauma do povo dos Estados Unidos, sempre atolado em alguma guerra, Amargo Regresso consegue ser mais atual e sobreviver melhor ao tempo. O drama das mulheres que ficam e dos soldados que retornam inválidos já havia sido objeto de grandes filmes, como Os Melhores Anos de Nossas Vidas. Vale observar, contudo, que a roupagem mais dura utilizada pela Nova Hollywood fez desta produção um exorcismo da opinião pública de um país, retratada na alienação de qualquer pessoa que não esteja dentro do hospital onde a primeira metade se desenvolve.

Jon Voight constroi seu Luke Martin de maneira ainda mais impressionante que seu Joe Buck de Perdidos na Noite, que o consagrara nove anos antes e lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar. Ele foi indicado mais duas vezes, por Expresso para o Inferno e Ali. Detalhe que o papel foi oferecido a Sylvester Stallone, Jack Nicholson e Al Pacino (dá para imaginar?). A personagem foi inspirada em Ron Kovic, autor de Nascido em Quatro de Julho, que anos depois viraria outro filme, estrelado por Tom Cruise. Jane Fonda projeta um pouco de sua vida e carreira em Sally Hyde, trocando o sucesso fácil dos filmes comerciais por produções difíceis e relevantes. A história dos dois amargurados em busca de uma razão para continuarem vivendo é apaixonante e a viagem da protagonista quando da licença-médica de seu marido é tão traumatizante para o telespectador quanto para a protagonista. Amargo Regresso encontra um excelente equilíbrio, não descambando para o melodrama, nem se rendendo a piadas inoportunas. O contraste entre Luke e Bob Hyde – dois homens que odeiam a Guerra do Vietnã mas diferem na maneira que encaram sua volta (falso orgulho x revolta) – convence de maneira simples, direta e sem dar um tiro prova que o desejo de contestar nasce em todos inconscientemente. Nota 9



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