terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Amor à Flor da Pele



Sinopse: Chow (Tony Leung Chiu Wai) e sua mulher acabaram de se mudar. Logo, ele conhece Li-Zhen (Maggie Cheung), uma jovem que também acabou de se mudar com o marido. Ele trabalha para uma companhia japonesa, o que significa que está freqüentemente viajando. Como sua mulher também fica, muitas vezes, longe de casa, Chow passa muito tempo com Li-zhen. Eles se tornam amigos e, um dia, são forçados a encarar os fatos: seus respectivos parceiros estão tendo um caso. (Fonte: Adoro Cinema)

Motivo para assistir: Como Wong Kar Wai marcou definitivamente território no mapa do cinema.

Estreia - 23/02/2001 - O final do século XX despertou a atenção do mundo para o cinema da China. O cinema de Wong Kar-Wai, entretanto, não se assemelha em nada com o de Zhang Yimou, a outra referência por todos utilizada. As histórias exageradas e cheias de fantasias como Heroi, O Clã das Adagas Voadoras e A Maldição da Flor Dourada mudaram um pouco o perfil de Yimou que se destacou no final dos anos 1980 com produções mais intimistas como O Sorgo Vermelho e o espetacular Lanternas Vermelhas. Já Amor à Flor da Pele se aproxima mais do cinema japonês pela simplicidade da trama (apesar do maior uso de movimentos pela câmera) e pelas passagens de tempo utilizadas pelo roteiro, comuns em obras como as de Yosujiro Ozu.

Um encontro constrangedor de um homem e uma mulher, vizinhos de mudança no mesmo dia, é o ponto de partida de um longa que trata de amor e decepção e de como o nascimento de um sentimento depende, sim, de fatores externos e está sujeito às condições de temperatura e pressão. As filmagens tiveram que ser transferidas de Pequim para Macau porque as autoridades chinesas exigiam a leitura do roteiro e Kar Wai nunca usa um script pré-definido. Esse atraso fez com que o corte final ficasse pronto menos de uma semana antes da estreia do longa no Festival de Cannes. O título em inglês, In The Mood of Love é uma referência a uma canção gravada por Brian Ferry.

A bela trilha sonora e a edição ágil revezando cortes bruscos com o uso (moderado) do slow motion intriga o espectador na primeira metade. Porém, Amor à Flor da Pele foi feito para ser apreciado, para documentar e retratar como é normal o desencanto com a rotina de anos de relacionamento e encantar em cenas como a que utiliza apenas as sombras das personagens ou o close de suas mãos. Foi usado muita improvisação, o que fez com que o próprio diretor/roteirista admitisse que o trabalho dos atores fez com que a história saisse do campo da obviedade.

Destacam-se, ainda, uma câmera exploradora bem inserida no cinema oriental e uma presença de fundo de Nat King Cole, uma voz sempre bem-vinda. Na década de 2000, Kar Wai participaria de projetos cercados de expectativas mas nenhum deles conseguiu o mesmo impacto que Amor à Flor da Pele e dos longas anteriores de maior sucesso (Dias Selvagens, Amores Expressos, Cinzas do Passado e Felizes Juntos), todos contando com pelo menos um dos dois atores que lideram o elenco. Vale reparar que a atriz Maggie Cheung está com uma roupa diferente em cada cena, totalizando 46 de acordo com as notas da produção. Tony Leung venceu o prêmio de melhor ator em Cannes e a produção venceu o César de filme estrangeiro. Já em seu país, Amor à Flor da Pele foi superado por O Tigre e o Dragão, de outro mestre - Ang Lee. Nota 8



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