sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Recontando - O Dia em que a Terra Parou



Hoje estreia um post especial. Sempre que possível o blog assiste e comenta filmes que ganharam novas versões, principalmente aquelas que estão no cinema nesse momento. Dia 9 de Janeiro estreou no Brasil a refilmagem de O Dia em que a Terra Parou, filme escolhido para abrir esse quadro, que terá um marcador próprio no lado esquerdo do blog. Sempre que esses posts especiais aparecerem não haverá as observações finais. A nova versão do filme entra para a lista dos longas de 2009.

Dia em que a Terra Parou (1951)



Estreia - 28/9/51 (nos EUA) - O clássico absoluto do diretor Robert Wise (baseado no conto Adeus ao Mestre, de Harry Bates) envelheceu pouco nesses quase 60 anos. O diretor já havia vencido um Oscar de edição em 1941 por Cidadão Kane, mas o auge de sua carreira viria depois, com a direção de Amor, Sublime Amor (1961), A Noviça Rebelde (1965), O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966) e Jornada nas Estrelas - O Filme (1979). Foi com muito prazer que um mês depois de assistir O Dia em que a Terra Parou pela primeira vez, revejo um dos longas preferidos de diretores como Steven Spielberg e George Lucas para escrever aqui no blog.
A música-tema, ouvida pela primeira vez nos créditos iniciais, é perfeita e fica na memória de todo fã de cinema. A primeira cena, com a chegada da nave espacial em Washington é um dos poucos efeitos especiais mais complexos do filme e apesar de envelhecido e com toques de filme B, é inesquecível. A maneira sem rodeios como Robert Wise conduz O Dia em que a Terra Parou é sua maior qualidade.
Klaatu (Michael Rennie) faz questão de frisar para o povo do Planeta invadido que vem em missão de paz. Todavia, é recebido à bala pelo Exército dos Estados Unidos. Ao ver essa produção de 1951 é fácil se lembrar de referências em produções posteriores. A frase "Klaatu barakta niktro" aparece em Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Star Wars, por exemplo. O formato da nave espacial, o tal "disco voador" é copiada até hoje. Mas o roteiro de O Dia em que a Terra Parou passa longe das bobagens da maioria dos filmes de ficção científica atuais.
Em plena Guerra Fria, Wise teve a coragem de colocar na capital do capitalismo um alienígena que tem a missão de reunir todas as nações da Terra, algo impossível. A crítica feita à ONU em 1951 é de emocionar (aliás, o filme sensibilizou muito o público na época). Hoje é fácil falar que essa organização não é muito eficaz, mas ouse falar disso logo depois de sua criação.
Na sequencia do longa, para que Klaatu consiga manter um diálogo, Gort, um robô tosco que não quiseram nem disfarçar que é um homem (de 2,35 m de altura) com uma fantasia, aparece e faz as armas virarem pó (há momentos em que os fios que prendem o robô podem ser vistos). Dessa forma percebe-se um grau elevado de desenvolvimento do visitante de outro planeta, assim como na cena do hospital, onde mostram a facilidade de recomposição do organismo extraterrestre.
O roteiro também usa um personagem mais liberal para cutucar os democratas, dizendo que eles são mais de palavras do que de ação (a principal diferença ideológica entre os dois partidos americanos). Porém, é nos cientistas que Klaatu parece achar a ética para um diálogo que pode condenar nosso planeta à extinção. A vinda de Klaatu foi motivada pelo desenvolvimento da energia nuclear, usada de maneira equivoca na 2ª Guerra Mundial pelos Estados Unidos. Por conta dessa corrida armamentista desenfreada os representantes de outros planetas resolvem enviar um representante à Terra para alertar nosso povo de que manter a guerra fará com que o planeta seja eliminado, já que se tornou uma ameaça aos outros povos. A intenção de paz de Klaatu fica comprovada quando Gort para todos os movimentos mecânicos do mundo mas deixa funcionando aviões e hospitais, para que nenhuma vida se perca nessa missão.
Com o distanciamento histórico de quem sabe o que aconteceu depois do lançamento do filme, percebe-se que tal mensagem pacifista simplesmente contrariava tudo o que se pensava no mundo da Guerra Fria. Por isso que O Dia em que a Terra Parou foi e continua sendo tão especial. Em 2001 a AFI o considerou o 82º filme mais emocionante de todos os tempos. Já em 2006 foi eleito o 67º mais inspirador e em 2008 o 5º maior filme de ficção científica que já existiu. Há quem garanta que Klaatu é uma analogia à Jesus Cristo, pela escolha do sobrenome Carpenter (Carpinteiro), por ressucitar, por citar um espírito todo-poderoso há todo momento e por pregar a paz entre os homens.
É fantástico o momento em que Klaatu passa a viver como uma pessoa comum. O menino Bobby, por exemplo, tem a clara intenção de mostrar como curiosidade, pureza e sperança são maiores numa criança do que num adulto. Helen, sua mãe, representa o ser humano esclarecido, forte e com bom senso, tão fundamental mas tão sumido desde sempre. O final aberto a discussões e a mensagem antibélica faz de O Dia em que a Terra Parou um filme irretocável. Nota 10



Dia em que a Terra Parou (2008)



Estreia - 9/1 - O diretor Scott Derrickson nunca fez nada relevante no cinema. Tudo bem, O Exorcismo de Emily Rose (2005) é um filme legal, mas Scott é quase um estreante. Por isso é quase um equívoco permitir que o diretor, que é fã do longa original, refilme O Dia em que a Terra Parou. Os primeiros cinco minutos do filme, na Índia do final do século 1920, é totalmente desnecessário e só serviu para gastar dinheiro.
Keanu Reeves é Klaatu (sem o barakta niktro) e Jennifer Connely interpreta Helen, que aqui tem a função de mulher e cientista acumulada. A NASA, devido à tecnologia atual, já sabe que algo está vindo em direção à Terra e a reunião de "cientistas esclarecidos" já é feita antes da nave espacial chegar. Não há noção de humanidade por nenhum personagem do longa, o filme é extremamente pessimista e sem alma. A criança (interpretada pelo filho de Will Smith) não é mais o sopro de esperança do planeta, é um garoto chato que não respeita a mãe.
Há aquela ladainha científica a todo instante, o rastro de destruição para encher de efeitos especiais e Nova York (sim, como no cinema moderno todas as catástrofes acontecem lá, não tinha sentido a nave descer em Washington). É aquele filme apocalíptico comum e até meio chato. Tanta coisa é adaptada que a proposta de atualizar um clássico não foi cumprida. A homenagem mais clara é a cena em que Klaatu resolve a fórmula matemática no quadro do Dr. Urban. A cena do McDonald's ainda me deu esperança de que a mensagem a favor do homem seria o tom desse novo O Dia em que a Terra Parou (aliás, a ideia de que todo ser humano tem salvação é semelhante à mensagem de Transformers).
Na trama, Klaatu (muito mal interpretado e, vejam só, com superpoderes) não vem mais em missão de paz, ele está disposto a salvat a Terra dos homens, exterminado-os. Em épocas de globalização não foi mais possível que Klaatu conviva por muito tempo com as pessoas, mas o que mais deu pena foi a forma ruim como conduziram o personagem de Jacob (a nova versão de Bobby, o menino que ensina para o alienígena muito de nosso mundo no filme original).
O robô Gort não se limita a desarmar o inimigo e possui uma raiva incontrolável. Se você gosta de filmes de ação, com pouco conteúdo e se amarra em efeitos especiais bem realizados (sem se importar muito com a história) talvez O Dia em que a Terra Parou até te agrade. Eu levo em conta esse aspecto, por isso mesmo não acho um fracasso total. Só achei que o melhor era fazer outras adaptações no roteiro e lançar a história como outra produção, inspirada no filme de 1951 mas sem esse peso da refilmagem. Nota 3




Filmes comentados em 2009: 51
Filmes lançados em 2009: 5
Total de filmes do blog: 51

2 comentários:

Vander disse...

Cara...

Esse é mais um clássico de "Keanu Horrível".

Você que entende mais de cinema que eu, além de Matrix (o primeiro) e Constantine (com ressalvas) o que ele fez de bom?

Anônimo disse...

Po jorge kd os posts sobre futebol e fórmula 1, o campeonato carioca tá aí e os treinos de inverno da fórmula 1 já começaram!!!