terça-feira, 21 de abril de 2009

Papillon



Estreia - 7/1/1974 - O filme é uma crítica ao sistema penal francês que levava seus condenados à pena perpétua para uma degradante prisão na sua colônia Guiana, na América do Sul. Por ser no meio da Floresta Amazônica, nos deparamos com vários animais da fauna silvestre ao longo do filme, como assustadores crocodilos e cobras. Papillon é um filme extremamente violento para a época de seu lançamento (e continua sendo um pouco até hoje), mostrando o caminho dos presidiários, desde a condenação, ainda em solo francês, passando pela árdua viagem de barco até o novo continente, chegando ao tal presídio, que arrepiaria os cabelos de qualquer defensor dos direitos humanos.
Para quem pensa que se trata apenas de mais um filme sobre fuga da cadeia, o longa surpreende. Apesar de seus similares posteriores Fuga para a Vitória, Alcatraz - Fuga Impossível, Um Sonho de Liberdade e a série de televisão Prision Break serem ótimos também, Papillon é mais denso, mais psiocológico e sombrio durante quase todo o tempo. Arrisco-me a dizer que é, inclusive, mais realista. Steve McQueen está excelente no personagem-título, que fica obcecado na tentativa de escapar das mãos do sistema carcerário de seu país. Dustin Hoffman também brilha, mas estamos mais acostumados às suas grandes interpretações.
Algumas cenas de McQueen tranquilamente figuram entre as antológicas de sua carreira, principalmente quando é mostrada a reclusão de Papillon numa solitária, após a primeira tentativa de fuga (com direito a baratas para o almoço). Fico admirado como a Academia ignorou essa interpretação maravilhosa do ator. Tudo bem que naquele ano tivemos entre os indicados Jack Lemmon, Robert Reford, Al Pacino, Marlon Brando e Jack Nicholson (quer mais?), mas ainda defendo uma vaga para McQueen (que só foi indicado uma vez, em 1967 por O Canhoneiro de Yang-Tsé).
Aliás, é de se questionar porque, em filmes desse gênero, sempre acabamos torcendo pela fuga do presidiário. Sem mesmo nos preocupar em julgar a pessoa, saber se ela é inocente ou de que maneira ela cometeu seu crime. Isso porque todos concordam que a prisão é algo negativo, mesmo numa sociedade extremamente violenta como a nossa. Por isso que é difícil não começarmos a torcer por Papillon da metade do longa para a frente. Depois que o protagonista passa pela ala hospitalar, há uma segunda tentativa de fuga e o drama cede espaço para a ação, tomando conta do filme e prendendo nossa atenção até o fim, mesmo nos minutos que o presidiário passa numa tribo indígena, momento em que não há diálogo algum.
A trilha sonora de Jerry Goldsmith (indicada ao Oscar) é o destaque dos minutos finais, que preparam o terreno para um final antológico, com um perturbado McQueen, já de cabelos brancos e ainda motivado em fugir da Guiana, pulando no mar com um pacote de cocos. Foi um merecido sucesso de público no Brasil. Nota 8



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