terça-feira, 14 de abril de 2009

Felicidade Não se Compra



Estreia - 14/2/1947 - Clássico dos clássicos de Natal e obra-prima de Frank Capra. Esse diretor figura entre meus cinco preferidos, ao lado de Stanley Kubrick, Alfred Hitchcoock, Mike Nichols e David Fincher e, na minha opinião, A Felicidade Não se Compra é insuperável (era, inclusive, o preferido do diretor). As características de todos os seus longas, como a narrativa moderna, as mensagens positivas e a maneira tão simples e bonita como são retratados os sentimentos humanos mais nobres se acentuam ainda mais nesse longa de 1946, o primeiro que ele fez depois da Segunda Guerra Mundial.
Infelizmente a Academia não reconheceu esse clássico, até porque já tinha dado três Oscars ao diretor (pelos outros três grandes filmes dele: Aconteceu Naquela Noite - 1934; Do Mundo Nada se Leva - 1938; e A Mulher Faz o Homem - 1939) sendo que os dois primeiros ainda venceram o prêmio de melhor filme. Por isso que, mesmo com cinco indicações, A Felicidade Não se Compra foi ignorado. O troféu foi para Os Melhores Anos de Nossas Vidas, também excelente e mais pertinente à época, por retratar a realidade do ex-combatente americano. Justiça seja feita, depois de décadas é o filme que melhor aparece nas famosas listas da AFI sobre as melhores produções de todos os tempos. James Stewart (no papel do protagonista George Bailey - ele foi convencido a fazer o filme por Lionel Barrymore após retornar da II Guerra Mundial) está mais experiente e faz o papel do jovem sonhador, com aquele ideal de ver e conquistar o mundo.
Talvez por isso me identifiquei tanto com o filme, a ponto de, ao mesmo tempo em que me emocionava com o roteiro singelo, me preocupava em não ter o mesmo fim que o protagonista (talvez isso aconteça com muita gente). Só que o mais importante no longa é sua mensagem anti-consumista, pregando valores como a família e a amizade de uma maneira nem um pouco piegas e de uma forma que fez o filme não envelhecer, passados mais de sessenta anos de seu lançamento. É triste saber que uma pessoa tão especial nunca conseguiu sair de Bedford Falls, mas ao mesmo tempo é gratificante saber como uma pessoa de bem pode ser tão importante para seus amigos e sua família.
Bailey trabalha para um banqueiro inescrupuloso (Lionel Barrymore) e seu sonho é sair daquela cidadezinha e ganhar o mundo. Mas tudo parece conspirar contra. Ele ajuda os moradores do lugar emprestando dinheiro para que comprem suas casas. Numa noite de Natal, abalado com o fato de não poder socorrer mais ninguém, George decide se matar, porém um anjo aparece para mostrar o porquê de todas as dificuldades e obstáculos superados pelo protagonista e como ele era importante para as pessoas próximas. Como é feito isso? Mostrando como seria Bedford Falls se Geoge Bailey não tivesse nascido. Trata-se de uma das melhores histórias já contadas.
Talvez a experiência de vida de Capra somado ao clima que pesava nos Estados Undidos, ainda anestesiado por tudo o que aconteceu com o crise da Bolsa e a guerra que veio na sequência, tornou esse filme tão especial. Tais valores descritos acima estão cada vez menos presentes na sociedade, sendo o motivo do povo dos Estado Unidos cultuar A Felicidade Não se Compra a ponto de assisti-lo todo o Natal. Além disso, sua trama inspirou várias produções com histórias e mensagens parecidas. Para citar um exemplo, lembro o excelente O Destino em Dose Dupla, com James Belushi e Michael Caine, que era um dos meus filmes preferidos quando era bem criança (época em que nem imaginava que existia esse clássico de Capra).
A chegada do anjo ainda proporciona mais momentos de bom humor, que emociona só de lembrar. Como é gostoso saber que vale a pena fazer sempre o bem, por mais que demore a recompensa. A Felicidade Não se Compra, a exemplo dos três filmes do mesmo diretor citados acima, faz parte da pequena lista das maravilhas que só Hollywood pode proporcionar e ocupa, com muito mérito, um dos postos mais altos da nata da História do cinema. A produção foi considerada subversiva por conter "mensagem comunista" e foi um surpreendente fracasso de bilheteria na época: custou 3,7 milhões de dólares e rendeu 3,3 milhões. Sua popularidade foi alcançada na década de 1960 quando uma versão com direitos autorais expirados era exibida constantemente na televisão americana. Nota 10



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