quinta-feira, 16 de abril de 2009

Encontros e Desencontros



Estreia - 23/1/2004 - Bill Murray vive Bob, um ator decadente que chega a Tóquio para gravar um comercial. Ao se hospedar num hotel de luxo conhece Charlotte (Scarlet Johansson), esposa de um fotógrafo que viajou para o Japão a trabalho. O desconhecimento da língua, a falta do que fazer e um sentimento de solidão aproxima o cinquentão e a jovem. Parte dessa história é autobiográfica (de acordo com a diretora Sofia Coppola) e dizem que o papel de Kelly - a atriz loirinha que dá mole pro fotógrafo e é interpretada por Anna Faris - foi inspirada em Cameron Diaz.
O início de Encontros e Desencontros, filme independente filmado em apenas 27 dias que custou 4 milhões de dólares e rendeu 6,5 milhões, é um pouco esquisito, lento e contemplativo e exige um pouco de paciência. O humor do roteiro (vencedor do Oscar em 2003) é estranho, mas funciona, como na cena em que o diretor japonês orienta o ator americano. Murray já esteve melhor mas entendo o elogio da crítica à sua atuação, já que adoram quando um comediante faz um papel um pouco mais sério. Aliás, o papel foi escrito especialmente para ele e Sofia disse que se Bill não aceitasse o longa não seria produzido. Ele inclusive teve liberdade para improvisar várias falas. Já Johansson, que na época foi uma grata revelação, está mais jovem, natural e até mais bonita (se é que isso é possível) do que nos filmes que faria depois, ainda sem a pressão de ser o símbolo sexual do momento.
Eu tenho uma dificuldade de gostar de filmes nos quais os personagens não me convencem. Bob e Charlotte são pessoas casadas, saudáveis e têm uma vida normal, mas gostam de carregar um sentimento de solidão que não me convence. Não consigo comprar o fato da garota, motivada por um ciúme um pouco ridículo, procurar a confiança de um homem que ela nem olharia se estivesse num dia normal. Até a rejeição que eles parecem assumir me soa falso.
Soma-se a isso o fato de Sofia Coppola ser uma diretora/roteirista superestimada. Virgens Suicidas não era um longa excelente como vendem e Encontros e Desencontros é só um pouco melhor. É um filme correto, digamos assim. Mesmo assim ela venceu o Oscar pelo roteiro, foi indicada pela direção e filme (além dessas, Bill Murray também foi, perdendo para Sean Penn por Sobre Meninos e Lobos). Todas as associações de críticos, festivais por onde o filme passou (inclusive o de São Paulo) e prêmios internacionais comungaram dessa festa toda em cima do filme (venceu BAFTA, César, Independent Spirit, Veneza) totalizando 71 prêmios e 59 indicações (entre essas até o MTV Movie Awards).
Há cenas interessantes e o filme leva a boas discussões, como a que levantei no outro parágrafo sobre a opção ou não do sentimento dos personagens. Digamos que Coppola, a filha, possui boa técnica, retira grandes interpretações mas precisa de histórias um pouco (eu disse só um pouco) melhores pra ganhar minha simpatia. O interessante é que a produção dela que eu mais gostei foi Maria Antonieta, execrada pela crítica (que talvez tenha se vingado da exagerada festa de antes).
Porém, Encontros e Desencontros tem seu brilho, principalmente no final aberto. Foi dado um bom material para que o espectador tire suas próprias conclusões e isso é muito válido. Nota 7


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