sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cupido é Moleque Teimoso



Estreia - 21/10/1937 (nos EUA) - Quem me conheçe sabe que, mesmo gostando de todos os filmes (por pior que ele seja eu aprecio, já que não sou capaz de fazer algo parecido), tem alguns gêneros que eu assisto com mais preguiça. Não que não exista filmes sensacionais desses estilos, mas a quantidade de produções ao longo dos anos saturou um pouco. Para citar três, digo: animação, faroeste e comédia romântica. Essa última, então, continua bombardeando os cinemas de filmes água-com-açúcar, que sua namorada enche o seu saco pra ver, praticamente toda semana.
Ainda conseguem fazer boas comédias românticas hoje em dia? Claro que sim. Mas a maioria sempre deixa a sensação de que está repetindo e requentando uma história de anos atrás. Já que essa semana eu falei aqui sobre Ele Não Está tão a fim de Você (que é um exemplo perfeito de tudo o que eu disse), resolvi falar de uma comédia romântica antiga, clássica, que agrada até hoje (e que volta e meia serve de inspiração para produções atuais).
Cupido é Moleque Teimoso é estrelado por Irene Dunne (indicada cinco vezes ao Oscar, inclusive por esse) e Cary Grant (indicado duas vezes posteriormente). O filme também seria indicado a melhor edição, ator coadjuvante (Ralph Bellamy), roteiro e filme; vencendo ainda melhor diretor (Leo McCarey). Ele ainda venceria mais dois, pela direção e roteiro de O Bom Pastor e acumularia mais cinco indicações (incluindo pela composição de An Affair to Remeber, tema de Tarde Demais para Esquecer).
Sim, estamos numa época em que comédias românticas eram apontadas como um dos melhores filmes do ano. A história não é muito diferente das de hoje. O casal Lucy e Jerry, se sentindo culpados por seus adultérios, decidem se separar com pouco mais de dois meses de casados. A perda da confiança não acabou com o sentimento de um pelo outro e os dois se pegam numa birga besta sobre a guarda de um cachorro para continuarem se vendo. Fingindo que estão levando a vida, Lucy conhece Dan, um sulista cheio da grana e Jerry conheçe Barbara, uma herdeira mais rica ainda. Quando o ex-casal começa a boicotar um o encontro do outro, todo mundo já sabe o que vai acontecer.
Porém, há coisas em Cupido é Moleque Teimoso que merecem ser ditas. Primeiro: uma produção de 72 anos atrás que não condena o divórcio. Aliás, o roteiro original foi encenado na Broadway em 1922, sendo essa a terceira versão para o cinema de The Awful Truth (a primeira, ainda no cinema mudo, é de 1925 e a segunda de 1929). O filme ainda teria uma quarta versão em 1953, com o nome A Meia-Noite do Amor. Segundo: a clara improvisação dos atores (que é fantástico). O humor do filme é quase todo de forma sutil, utilizando pequenos gestos e algumas caras e bocas. É nítido que aquilo não é algo facilmente roteirizado e nem decisão única do diretor (que não carregaria sozinho tamanha responsabilidade).
De resto, há os desencontros e os mal-entendidos, o receio do casal em retomar o relacionamento e algumas passagens engraçadas, como sempre. A melhor delas é quando o advogado dos dois, ao telefone, tenta convence-los a não se separarem dizendo "o casamento é uma coisa linda", enquanto discute com sua esposa por conta de uma besteira. Foi apontada como uma das 100 maiores comédias e um dos 100 maiores romances do cinema americano.
Cupido é Moleque Teimoso é reverenciado até hoje mais por ter se mantido atual do que por ser inesquecível. Aliás, os últimos vinte minutos no estilo "road movie" talvez o torne mais corajoso e atual do que muitos que estão em cartaz nesse momento. Não é a única comédia romântica de décadas passadas que deixam as de hoje com jeito de "já vi esse filme antes" (existem outras até melhores). Ao longo do tempo eu falo de outras. Se você duvida, é só comparar. É a verdade nua e crua. Ou como se diz em inglês, it's the awful truth. Nota 8



Filmes comentados em 2009: 88
Filmes lançados em 2009: 26
Total de filmes do blog: 88

Nenhum comentário: