Estreia - 6/3 - A maior surpresa entre os indicados ao Oscar esse ano, sem dúvida é Frost/Nixon. O que parecia ser algo chato, parado e com diálogos complicados, se mostrou um dos melhores filmes do ano e até bem-humorado. Aliás, em 2009 a premiação da Academia ficará conhecida como o ano das adaptações de peças teatrais. Depois de Dúvida ser adaptado pelo próprio John Patrick Shanley, Frost/Nixon foi escrito originalmente e adaptado por Peter Morgan, o mesmo de O Último Rei da Escócia, A Rainha e A Outra - pela primeira vez adaptando seu próprio material vindo do teatro.
O longa começa de forma semelhante a JFK - A Pergunta que Não Quer Calar, num estilo semi-documental, apresentando os personagens (excelente elenco de apoio), resumindo muito bem o que foi o escândalo Watergate, responsável pela renúncia do Presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon no dia 8 de Agosto de 1974. A biografia completa de Nixon já foi objeto de um filme de Oliver Stone, produzido em 1995. Anthony Hopkins receberia uma das quatro indicações desse filme ao Oscar. Frost/Nixon foi mais longe: indicou seu protagonista, Frank Langella (que acaba de completar 71 anos), além de quatro outras nomeações (filme, diretor, roteiro adaptado e edição).
Talvez um dos segredos da qualidade do filme é que, além da adaptação ser feita pelo próprio autor, o elenco é o mesmo da bem-sucedida peça de teatro. Langella está perfeito no papel de um Nixon que tenta passar serenidade e auto-controle enquando o mundo amassa a sua cabeça. Já Michael Sheen (que fez Tony Blair em A Rainha) interpreta David Frost, apresentador de talk-show britânico simpático, metido a engraçado que não se conforma em não fazer sucesso nos Estados Unidos. Ao assistir à renúncia de Nixon e o perdão do novo Presidente Gerald Ford, ele vê uma chance de aparecer para o mundo entrevistando o republicano.
Feita a introdução, o que se vê depois é uma mistura de drama político dos bons (esqueça coisas muita paradas como Boa Noite e Boa Sorte) com um enfoque jornalístico sensacional. Nixon trata a entrevista como um duelo, já prevendo que Frost, da maneira mais cínica possível, representará a opinião pública. Já o entrevistador vai deixando de lado a auto-promoção ao se dar conta da importância do fato para o povo americano, tratando a entrevista como o julgamento que Nixon nunca teria (por conta da anistia dada por Ford).
A luta de Frost para conseguir patrocínio e vender para emissoras americanas a entrevista, o extenso trabalho de pesquisa dos colaboradores (dos dois lados), os bastidores de um evento que já nascia histórico, está tudo da maneira mais direta possível. A atuação de Langella só vai crescendo e Frost/Nixon se tornando em cinema de primeira. Talvez o diretor Ron Howard tenha achado seu filme definitivo, aos 54 anos de idade. Ele possui dos Oscars, como diretor e produtor de Uma Mente Brilhante. Tem grandes sucessos de bilheteria, como O Código da Vinci, O Grinch, Coccon, Splash. Dirigiu coisas divertidas como Willow, Apollo 13, O Preço de um Resgate e EdTv. Além disso, produziu A Troca, outra filmaço de 2008. Mas no futuro, quando quiserem o longa mais completo, que deixe claro as qualidades de Howard como diretor, esse filme será Frost/Nixon (por enquanto, torço para que ele se supere daqui pra frente).
Na entrevista em si, tudo parece uma luta de boxe. Adversários se estudando, provocações para que o outro lado baixe a guarda e instruções dos "treinadores" nos intervalos. Nixon se defendeu em seu livro lançado logo depois, mas essa série de encontros (iniciados em 23 de Março de 1977 - quase três anos depois da renúncia) permitiu ao povo dos Estados Unidos a declaração de culpa que eles tanto esperavam. Frost não começaria bem, mas foi se transformando de mero entrevistador, que pagou 600 mil dólares para uma entrevista chapa branca, num homem que luta para tirar as respostas do entrevistado - cada um usando suas armas.
Os últimos 40 minutos não deixam você piscar. E o que dizer dos últimos dez? Sem contar que aquela velha máxima de "conhecer o passado para entender o presente" está aqui. Quer um exemplo? Que tal colocar os Estados Unidos em conflitos armados baseado em fatos que se mostraram mentiras? Por fim, a conclusão de que Nixon era um homem que não gostava de gente e sua motivação está bem definida ao longo do filme, concorde ou não. Se eu fosse americano, guardaria Frost/Nixon na estante. Nota 9
Filmes comentados em 2009: 71
Filmes lançados em 2009: 19
Total de filmes do blog: 71
O longa começa de forma semelhante a JFK - A Pergunta que Não Quer Calar, num estilo semi-documental, apresentando os personagens (excelente elenco de apoio), resumindo muito bem o que foi o escândalo Watergate, responsável pela renúncia do Presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon no dia 8 de Agosto de 1974. A biografia completa de Nixon já foi objeto de um filme de Oliver Stone, produzido em 1995. Anthony Hopkins receberia uma das quatro indicações desse filme ao Oscar. Frost/Nixon foi mais longe: indicou seu protagonista, Frank Langella (que acaba de completar 71 anos), além de quatro outras nomeações (filme, diretor, roteiro adaptado e edição).
Talvez um dos segredos da qualidade do filme é que, além da adaptação ser feita pelo próprio autor, o elenco é o mesmo da bem-sucedida peça de teatro. Langella está perfeito no papel de um Nixon que tenta passar serenidade e auto-controle enquando o mundo amassa a sua cabeça. Já Michael Sheen (que fez Tony Blair em A Rainha) interpreta David Frost, apresentador de talk-show britânico simpático, metido a engraçado que não se conforma em não fazer sucesso nos Estados Unidos. Ao assistir à renúncia de Nixon e o perdão do novo Presidente Gerald Ford, ele vê uma chance de aparecer para o mundo entrevistando o republicano.
Feita a introdução, o que se vê depois é uma mistura de drama político dos bons (esqueça coisas muita paradas como Boa Noite e Boa Sorte) com um enfoque jornalístico sensacional. Nixon trata a entrevista como um duelo, já prevendo que Frost, da maneira mais cínica possível, representará a opinião pública. Já o entrevistador vai deixando de lado a auto-promoção ao se dar conta da importância do fato para o povo americano, tratando a entrevista como o julgamento que Nixon nunca teria (por conta da anistia dada por Ford).
A luta de Frost para conseguir patrocínio e vender para emissoras americanas a entrevista, o extenso trabalho de pesquisa dos colaboradores (dos dois lados), os bastidores de um evento que já nascia histórico, está tudo da maneira mais direta possível. A atuação de Langella só vai crescendo e Frost/Nixon se tornando em cinema de primeira. Talvez o diretor Ron Howard tenha achado seu filme definitivo, aos 54 anos de idade. Ele possui dos Oscars, como diretor e produtor de Uma Mente Brilhante. Tem grandes sucessos de bilheteria, como O Código da Vinci, O Grinch, Coccon, Splash. Dirigiu coisas divertidas como Willow, Apollo 13, O Preço de um Resgate e EdTv. Além disso, produziu A Troca, outra filmaço de 2008. Mas no futuro, quando quiserem o longa mais completo, que deixe claro as qualidades de Howard como diretor, esse filme será Frost/Nixon (por enquanto, torço para que ele se supere daqui pra frente).
Na entrevista em si, tudo parece uma luta de boxe. Adversários se estudando, provocações para que o outro lado baixe a guarda e instruções dos "treinadores" nos intervalos. Nixon se defendeu em seu livro lançado logo depois, mas essa série de encontros (iniciados em 23 de Março de 1977 - quase três anos depois da renúncia) permitiu ao povo dos Estados Unidos a declaração de culpa que eles tanto esperavam. Frost não começaria bem, mas foi se transformando de mero entrevistador, que pagou 600 mil dólares para uma entrevista chapa branca, num homem que luta para tirar as respostas do entrevistado - cada um usando suas armas.
Os últimos 40 minutos não deixam você piscar. E o que dizer dos últimos dez? Sem contar que aquela velha máxima de "conhecer o passado para entender o presente" está aqui. Quer um exemplo? Que tal colocar os Estados Unidos em conflitos armados baseado em fatos que se mostraram mentiras? Por fim, a conclusão de que Nixon era um homem que não gostava de gente e sua motivação está bem definida ao longo do filme, concorde ou não. Se eu fosse americano, guardaria Frost/Nixon na estante. Nota 9
Oscar 2009
Filmes indicados: 31 (exceto curtas e documentários)
Filmes comentados: 25
Filmes para comentar: 6
Filmes comentados: 25
Filmes para comentar: 6
Filmes comentados em 2009: 71
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