quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Recontando - [Rec]: Gravando / Quarentena

Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Aos poucos o cinema foi se especializando em levar ao público produções cada vez mais perto da realidade. Em 1999 um marco no cinema independente foi o lançamento do filme A Bruxa de Blair, um documentário fictício que conseguiu ser a maior bilheteria de uma produção sem um grande estúdio por trás. Em 2007 e início de 2008 três filmes usaram uma ideia bastante parecida para desenvolver roteiros cheios de suspense em terror: Diário dos Mortos, de George Romero; Cloverfield - O Monstro, de J.J. Abrams (criador de Lost) e um longa espanhol que surpreendeu a todos: [Rec]: Gravando, que foi destaque no Festival de Veneza dois anos atrás. Ele será o assunto do nosso Recontando de hoje. Sua refilmagem, Quarentena, entra na lista dos filmes lançados em 2009.

[REC]: Gravando



Estreia - 14/11/2008 - O roteiro do filme espanhol Rec é simples. Uma equipe de reportagem de um programa chamado Enquanto Você Dorme vai cobrir um turno de um quartel do Corpo de Bombeiros. O que parecia ser uma noite tranquila vai se mostrando uma história digna de filmes de terror.
Uma chamada estranha de vizinhos incomodados com barulhos e gritos estranhos vindo do apartamento do lado. Chegando lá, a fisionomia do Policial entrega que as coisas não estão boas. Na verdade a senhora do apartamento cheio de barulhos se transformou num zumbi. Ao morder os outros o vírus rapidamente se espalha e em pouco tempo os bombeiros e a equipe de reportagem luta pela própria vida, enquanto o apartamento se encontra isolado e incomunicável.
Como eu disse, é um roteiro simples. A diferença de Rec – Gravando para os filmes comuns de zumbi é a maneira como o longa foi filmado. Tal como em A Bruxa de Blair, a câmera é levada por um dos personagens, o que faz o espectador se sentir parte do filme. Na hora da ação, propositalmente é mostrado pouco e de uma forma confusa, já que o câmera também luta por sua vida. Mas Rec – Gravando aposta na violência, sendo bastante realista no quesito “banho de sangue”. Ao contrário de Cloverfield – O Monstro, não há chuva de efeitos especiais e sim closes generosos de pedaços de carne e ferimentos abertos.
Os realizadores souberam brincar com a câmera, incluindo algumas falhas no som e cortes abruptos que ao mesmo tempo em que traz a sensação de que aquilo é verdadeiro também é responsável por quebrar um pouco o clima. Há bons sustos e a tradicional criança-possuída dos clássicos do terror. Para quem gosta, é um prato cheio, um dos melhores dos últimos anos. Já estão filmando uma continuação, que deve chegar nos cinemas da Espanha ainda esse ano. Destaque também para a música Vudú, de Carlos Ann e para a protagonista Manuela Velasco, vencedora do Goya de Atriz Revelação. Nota 6



Quarentena



Estreia - 9/1/2009 – Peço para os senhores que não tentem isso em casa. Depois de assistir ao original Rec – Gravando, lá fui eu para mais uma aventura com zumbis (tipo de filme que pessoalmente não me agrada) na intenção de conferir a versão hollywoodiana da produção espanhola.
Quarentena é bem parecido com o filme de terror europeu. Em vez de Enquanto Você Dorme, o programa se chama Turno Noturno (Night Shift – em inglês não fica tão ruim). A atriz Jennifer Carpenter, que faz Ângela Vidal, não tem o mesmo carisma de Manuela Velasco. As falas iniciais são bem parecidas, mas os cenários são, obviamente, mais caprichados.

O prólogo no Corpo de Bombeiros foi um pouco mais esticado, digamos que o roteiro encha um pouco de linguiça (há até uma homenagem ao filme original com uma passagem rápida pela quadra de basquete). Quando chegamos ao prédio dos zumbis é que as semelhanças aumentam.

De início, o cenário é idêntico, parece até que filmaram no mesmo lugar. Aos poucos Quarentena vai se transformando em mais um remake pasteurizado de filme de terror estrangeiro feito por Hollywood. O que na Espanha pode parecer brilhante, nos Estados Unidos não é nada demais.

Um equívoco foi colocar uma ponta para Greg Germann, um rosto conhecido de quem vê bastante cinema e televisão (principalmente Ally McBeal), o que tira um pouco o realismo inicialmente proposto. Outro foi trocar a violência explícita por uma câmera muito mais nervosa, que balança exageradamente o tempo inteiro (tudo bem, está mais perto da ação também).

Como Hollywood gosta de uma história mais mastigada, foram feitas adaptações no roteiro para incluir um cachorro, um veterinário e uma TV que incrivelmente funciona. Tudo isso para que os motivos do que está acontecendo sejam apresentados ao longo da história. Os vizinhos chineses do longa original foram substituídos por africanos, mas não me pergunte porque.

Destaque negativo foi a exclusão da cena que eu mais gostei em Rec – Gravando. Quando Ângela Vidal olha do alto da escada do prédio e vê um zumbi em cada andar olhando pra ela. O susto maior está lá, mas de maneira tão idêntica que perde a graça para quem viu o primeira versão. O cinema americano tem mais pinta de Cloverfield – O Monstro. Lançado no mesmo ano de Rec – Gravando, ele une qualidade com originalidade. Essa segunda coisa faltou para Quarentena. Nota 4



Filmes comentados em 2009: 57
Filmes lançados em 2009: 6
Total de filmes do blog: 57

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Colocando em dia

Como prometido no post especial sobre o Oscar de quinta-feira (veja clicando aqui), separo o dia de hoje para falar dos quatro filmes que estrearam ano passado nos cinemas brasileiros, foram indicados para os prêmios da Academia e ainda não foram comentados pelo blog. Com isso ficamos assim:
Oscar 2009
Filmes indicados: 31 (exceto curtas e documentários)
Filmes comentados: 13
Filmes para comentar: 18
Nos próximos posts sobre cinema eu garanto 14 desses 18 com comentários antes da cerimônia do dia 22 de Fevereiro. Nenhum dos quatro filmes abaixo entram na lista de 2009, claro.



Duquesa



Estreia - 21/11/2008 - Sim, A Duquesa é mais um filme (independente) inglês de época. O longa se passa no final de século XVIII e conta a história de Georgiana (Keira Knightley) que se casou com o Duque de Devonshire (Ralph Fiennes). Um dos atrativos dessa produção que concorre ao Oscar nas categorias Direção de Arte e Figurino é o momento que o mundo vivia àquela época. Com a Independência dos Estados Unidos e o ambiente favorável ao início da Revolução Francesa, o roteiro pode levantar assuntos que geralmente passam ao largo desse tipo de produção.
A Duquesa de Devonshire surge no filme como uma pessoa bem popular e que agrada tanto a Corte quanto os mais liberais, seja por seu figurino próprio ou por seus discursos e discussões sobre liberdade. A menina Georgiana, ao contrário da maioria das personagens de tais filmes, realmente queria se casar com alguém importante e se mudar para um Castelo. Porém, como você já deve saber, aos poucos ela vai entendendo que não é amor aquilo que existe entre o casal. O Duque quer um filho homem de qualquer maneira, a Duquesa só "consegue" duas filhas mulheres, por exemplo.
Sua personalidade menos conformista a permite questionar o porquê das traições do marido, tão comuns à época. E a gota d'água passa a ser a situação ridícula de ver outra família sendo constituída em sua própria casa. Depois disso ela passa a se questionar mais e a levar a sério seu desejo de mudança. O senso de justiça de Georgiana é perfeito e A Duquesa aos poucos vai colocando o espectador no lugar da personagem. Ao final você talvez não saiba como julgar as escolhas que a mulher vai tomando ao longo da vida.
Em nenhum momento o roteiro cai num lugar-comum, mas mesmo assim não espere nada muito dinâmico. É aquela produção caprichada em que nada parece estar fora do lugar (roupas, cenários, atuações, trilha). Mas o roteiro acerta bastante em mostrar como cicatrizes vão aparecendo na vida das pessoas, transformando uma adolescente que sonhava em casar com seu Príncipe na Duquesa de Devonshire que você não justifica mas compreende. É um filme muito bonito e que merecia fazer mais barulho na sua passagem pelos cinemas. Nota 7





Filmes comentados em 2009: 55
Filmes lançados em 2009: 5
Total de filmes do blog: 55

Hellboy 2: O Exército Dourado



Estreia - 5/9/2008 - Hellboy 2 retoma a história do filme de 2004 que explodiu no mercado de DVDs depois de uma passagem discreta pelos cinemas. Nesse novo longa descobrimos que a paz velada entre humanos e não-humanos só é possível por conta da inatividade do Exértico Dourado. A maneira de acionar novamente essa tropa é juntar três pedaços de uma coroa. Príncipe Nuada, sedento de poder, se habilita a unir esses três pedaços e Hellboy (Ron Perlman mais uma vez) precisa impedir.
Guilermo del Toro (O Labirinto do Fauno) é o diretor e roteirista desse filme que está indicado ao Oscar na categoria de Maquiagen. Seu estilo único faz de Hellboy 2 um filme tão bom e divertido quanto o primeiro, com grandes momentos de ação, terror (destaque para o ataque das fadas dos dentes) e comédia. Essa última ocorre muito por conta do relacionamento do personagem-título e Liz (Selma Blair), que está grávida. Pode ser que você prefira Indiana Jones ou A Múmia, mas não tem como negar que Hellboy tem uma produção mais caprichada e uma história muito mais original, contando com aquela mistura de personagens assustadores e encantadores, trazido pelo diretor mexicano. É justamento o que Hollywood precisa. Nota 7




Filmes comentados em 2009: 54
Filmes lançados em 2009: 5
Total de filmes do blog: 54

Kung Fu Panda



Estreia - 22/8/2008 - Essa animação (indicado ao Oscar na categoria) chegou aos cinemas no verão americano com muita publicidade e a responsabilidade de ser o novo Shrek da Dreamworks. O roteiro é uma homenagem à arte marcial que se divide em estilos como: garça, macaco, louva-Deus, tigre e serpente. Dito isso, é fácil entender porque esses cinco animais são os escolhidos para representar os mestres do kung fu que recebem em seu templo um estabanado e preguiçoso panda.
O roteiro segue a fórmula das animações dos anos 1990, que rendeu excelentes bilheterias para a Disney, com muito colorido, curta duração e piadas fáceis (só faltaram as músicas). A graça está restrita às caras-e-bocas do panda (com a voz de Jack Black) e os diálogos simples com mensagem direta é bom para agradar as crianças bem pequenas. Infelizmente o tipo de filme é um pouco ultrapassado, a maioria das crianças mais crescidas não se interessam mais por esse tipo de história simples.
As cenas de luta são legais, com algumas referências aos animes japoneses que fizeram sucesso nas TVs do mundo todo, mas no fim é aquela mesma premissa da luta por um sonho de um personagem que tinha tudo para dar errado. Não é um filme excepcional e a impressão que dá e a de que Kung Fu Panda é a animação certa na década errada. Nota 5



Filmes comentados em 2009: 53
Filmes lançados em 2009: 5
Total de filmes do blog: 53

Procurado



Estreia - 4/7/2008 - O Procurado foi uma agradável surpresa de 2008 nos cinemas. Eu esperava um filme escapista sem uma cena de ação inesquecível, mas fiquei bem satisfeito ao sair do cinema. O longa conta a história de uma liga de assassinos liderada por Sloan (Morgan Freeman) que convida Wesley Gibson (James McAvoy) para fazer parte do grupo recebendo missões após um treinamento muito prazeroso com Angelina Jolie, que dizer, Fox.
A canção do filme (The Little Things) é uma de poucas que me chamaram a atenção no cinema esse ano. Os efeitos especiais são bem generosos, o roteiro tem muita ação, tudo está sempre se movimentando e percebe-se que os produtores não economizaram para fazer o filme. Foram recompensados com indicações ao Oscar nas categorias Efeitos Sonoros e Edição de Som.
Não tem como não gostar da trama do garoto com sua "ordinary life" enfadonha que descobre que possui um grande talento que pode realmente fazer da sua vida algo divertido. Aos poucos vai se conhecendo a origem do menino, o passado do seu pai e aquela parte clássica do rigoroso treinamento que prepara para o grand finale de O Procurado. Mas o que fez o longa se destacar em 2008 são as constantes reviravoltas de um roteiro inteligente, que mesmo abusando das mentiras, é um Jumper muito melhor, inclusive o final (o de O Procurado é excelente e o de Jumper meio bobo). Só não ligue para um certo absurdo envolvendo ratos e máquinas de tecelagem. Nota 7



Filmes comentados em 2009: 52
Filmes lançados em 2009: 5
Total de filmes do blog: 52

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Recontando - O Dia em que a Terra Parou



Hoje estreia um post especial. Sempre que possível o blog assiste e comenta filmes que ganharam novas versões, principalmente aquelas que estão no cinema nesse momento. Dia 9 de Janeiro estreou no Brasil a refilmagem de O Dia em que a Terra Parou, filme escolhido para abrir esse quadro, que terá um marcador próprio no lado esquerdo do blog. Sempre que esses posts especiais aparecerem não haverá as observações finais. A nova versão do filme entra para a lista dos longas de 2009.

Dia em que a Terra Parou (1951)



Estreia - 28/9/51 (nos EUA) - O clássico absoluto do diretor Robert Wise (baseado no conto Adeus ao Mestre, de Harry Bates) envelheceu pouco nesses quase 60 anos. O diretor já havia vencido um Oscar de edição em 1941 por Cidadão Kane, mas o auge de sua carreira viria depois, com a direção de Amor, Sublime Amor (1961), A Noviça Rebelde (1965), O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966) e Jornada nas Estrelas - O Filme (1979). Foi com muito prazer que um mês depois de assistir O Dia em que a Terra Parou pela primeira vez, revejo um dos longas preferidos de diretores como Steven Spielberg e George Lucas para escrever aqui no blog.
A música-tema, ouvida pela primeira vez nos créditos iniciais, é perfeita e fica na memória de todo fã de cinema. A primeira cena, com a chegada da nave espacial em Washington é um dos poucos efeitos especiais mais complexos do filme e apesar de envelhecido e com toques de filme B, é inesquecível. A maneira sem rodeios como Robert Wise conduz O Dia em que a Terra Parou é sua maior qualidade.
Klaatu (Michael Rennie) faz questão de frisar para o povo do Planeta invadido que vem em missão de paz. Todavia, é recebido à bala pelo Exército dos Estados Unidos. Ao ver essa produção de 1951 é fácil se lembrar de referências em produções posteriores. A frase "Klaatu barakta niktro" aparece em Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Star Wars, por exemplo. O formato da nave espacial, o tal "disco voador" é copiada até hoje. Mas o roteiro de O Dia em que a Terra Parou passa longe das bobagens da maioria dos filmes de ficção científica atuais.
Em plena Guerra Fria, Wise teve a coragem de colocar na capital do capitalismo um alienígena que tem a missão de reunir todas as nações da Terra, algo impossível. A crítica feita à ONU em 1951 é de emocionar (aliás, o filme sensibilizou muito o público na época). Hoje é fácil falar que essa organização não é muito eficaz, mas ouse falar disso logo depois de sua criação.
Na sequencia do longa, para que Klaatu consiga manter um diálogo, Gort, um robô tosco que não quiseram nem disfarçar que é um homem (de 2,35 m de altura) com uma fantasia, aparece e faz as armas virarem pó (há momentos em que os fios que prendem o robô podem ser vistos). Dessa forma percebe-se um grau elevado de desenvolvimento do visitante de outro planeta, assim como na cena do hospital, onde mostram a facilidade de recomposição do organismo extraterrestre.
O roteiro também usa um personagem mais liberal para cutucar os democratas, dizendo que eles são mais de palavras do que de ação (a principal diferença ideológica entre os dois partidos americanos). Porém, é nos cientistas que Klaatu parece achar a ética para um diálogo que pode condenar nosso planeta à extinção. A vinda de Klaatu foi motivada pelo desenvolvimento da energia nuclear, usada de maneira equivoca na 2ª Guerra Mundial pelos Estados Unidos. Por conta dessa corrida armamentista desenfreada os representantes de outros planetas resolvem enviar um representante à Terra para alertar nosso povo de que manter a guerra fará com que o planeta seja eliminado, já que se tornou uma ameaça aos outros povos. A intenção de paz de Klaatu fica comprovada quando Gort para todos os movimentos mecânicos do mundo mas deixa funcionando aviões e hospitais, para que nenhuma vida se perca nessa missão.
Com o distanciamento histórico de quem sabe o que aconteceu depois do lançamento do filme, percebe-se que tal mensagem pacifista simplesmente contrariava tudo o que se pensava no mundo da Guerra Fria. Por isso que O Dia em que a Terra Parou foi e continua sendo tão especial. Em 2001 a AFI o considerou o 82º filme mais emocionante de todos os tempos. Já em 2006 foi eleito o 67º mais inspirador e em 2008 o 5º maior filme de ficção científica que já existiu. Há quem garanta que Klaatu é uma analogia à Jesus Cristo, pela escolha do sobrenome Carpenter (Carpinteiro), por ressucitar, por citar um espírito todo-poderoso há todo momento e por pregar a paz entre os homens.
É fantástico o momento em que Klaatu passa a viver como uma pessoa comum. O menino Bobby, por exemplo, tem a clara intenção de mostrar como curiosidade, pureza e sperança são maiores numa criança do que num adulto. Helen, sua mãe, representa o ser humano esclarecido, forte e com bom senso, tão fundamental mas tão sumido desde sempre. O final aberto a discussões e a mensagem antibélica faz de O Dia em que a Terra Parou um filme irretocável. Nota 10



Dia em que a Terra Parou (2008)



Estreia - 9/1 - O diretor Scott Derrickson nunca fez nada relevante no cinema. Tudo bem, O Exorcismo de Emily Rose (2005) é um filme legal, mas Scott é quase um estreante. Por isso é quase um equívoco permitir que o diretor, que é fã do longa original, refilme O Dia em que a Terra Parou. Os primeiros cinco minutos do filme, na Índia do final do século 1920, é totalmente desnecessário e só serviu para gastar dinheiro.
Keanu Reeves é Klaatu (sem o barakta niktro) e Jennifer Connely interpreta Helen, que aqui tem a função de mulher e cientista acumulada. A NASA, devido à tecnologia atual, já sabe que algo está vindo em direção à Terra e a reunião de "cientistas esclarecidos" já é feita antes da nave espacial chegar. Não há noção de humanidade por nenhum personagem do longa, o filme é extremamente pessimista e sem alma. A criança (interpretada pelo filho de Will Smith) não é mais o sopro de esperança do planeta, é um garoto chato que não respeita a mãe.
Há aquela ladainha científica a todo instante, o rastro de destruição para encher de efeitos especiais e Nova York (sim, como no cinema moderno todas as catástrofes acontecem lá, não tinha sentido a nave descer em Washington). É aquele filme apocalíptico comum e até meio chato. Tanta coisa é adaptada que a proposta de atualizar um clássico não foi cumprida. A homenagem mais clara é a cena em que Klaatu resolve a fórmula matemática no quadro do Dr. Urban. A cena do McDonald's ainda me deu esperança de que a mensagem a favor do homem seria o tom desse novo O Dia em que a Terra Parou (aliás, a ideia de que todo ser humano tem salvação é semelhante à mensagem de Transformers).
Na trama, Klaatu (muito mal interpretado e, vejam só, com superpoderes) não vem mais em missão de paz, ele está disposto a salvat a Terra dos homens, exterminado-os. Em épocas de globalização não foi mais possível que Klaatu conviva por muito tempo com as pessoas, mas o que mais deu pena foi a forma ruim como conduziram o personagem de Jacob (a nova versão de Bobby, o menino que ensina para o alienígena muito de nosso mundo no filme original).
O robô Gort não se limita a desarmar o inimigo e possui uma raiva incontrolável. Se você gosta de filmes de ação, com pouco conteúdo e se amarra em efeitos especiais bem realizados (sem se importar muito com a história) talvez O Dia em que a Terra Parou até te agrade. Eu levo em conta esse aspecto, por isso mesmo não acho um fracasso total. Só achei que o melhor era fazer outras adaptações no roteiro e lançar a história como outra produção, inspirada no filme de 1951 mas sem esse peso da refilmagem. Nota 3




Filmes comentados em 2009: 51
Filmes lançados em 2009: 5
Total de filmes do blog: 51

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

30 dias para a glória



Os indicados ao Oscar acabam de ser anunciados. Duas semanas atrás no post "Não Vi e Gostei" o blog já discutia alguma tendências com relação aos escolhidos pela Academia. Confesso que algumas coisas me pegaram de surpresa no final da manhã de hoje. Vamos analisasr as categorias e preparar a lista de todos os filmes que você precisa ver nos próximos trinta dias. Terça-feira tem a lista dos piores, também com surpresas, junto com comentários dos filmes já assistidos:

* Melhor Filme
1) Curioso Caso de Benjamin Button
2) Frost e Nixon - A Luta pela Democracia
3) Leitor
4) Milk - A Voz da Igualdade
5) Quem Quer Ser um Milionário?
O favorito continua sendo Quem Quer Ser um Milionário, mas O Curioso Caso de Benjamin Button lidera nas indicações (13x10), muito por conta das categorias técnicas. É um pouco de surpresa a ausência de Batman - O Cavaleiro das Trevas. Posso estar errado, mas se Frost/Nixon se prende em longos diálogos e boas atuações, como Boa Noite e Boa Sorte, era mais lógico que Dúvida roubasse sua vaga. Já O Leitor a cada dia fica mais interessante.


* Melhor Diretor

1) Curioso Caso de Benjamin Button (2) - David Fincher
2) Frost e Nixon - A Luta pela Democracia (2) - Ron Howard
3) Leitor (2) - Stephen Daldry
4) Milk - A Voz da Igualdade (2) - Gus Van Sant
5) Quem Quer Ser um Milionário? (2) - Danny Boyle
Eu já tenho em mente um post sobre o currículo dos indicados nas categorias principais, mas é importante que se diga que a tradição é que os mesmos filmes indicados na categoria melhor filme também sejam na categoria diretor. Em comparação com a lista dos Sindicatos dos Produtores e Diretores, O Leitor substituiu Batman nas duas. Talvez esse ano David Fincher (foto) vença aqui e Danny Boyle fique com filme. Mas é apenas uma aposta, já que os dois são os favoritos.

* Melhor Ator
1) Aprendendo a Viver - Richard Jenkins
2) Curioso Caso de Benjamin Button (3) - Brad Pitt
3) Frost e Nixon - A Luta pela Democracia (3) - Frank Langella
4) Lutador - Mickey Rourke
5) Milk - A Voz da Igualdade (3) - Sean Penn
Aqui a briga deve ficar entre os dois últimos, apesar do blog começar a se inclinar por uma torcida para Brad Pitt. Agora, Richard Jenkins aparecendo em cima da hora é a primeira surpresa da lista. Tudo bem, ele foi indicado para o SAG Awards, mas eu não acreditava que ele chegaria aqui. Aliás, os indicados são exatamente os mesmos. Mais uma vez a Academia ignora Leonardo di Caprio, que nem um indicação por Foi Apenas um Sonho conseguiu.

* Melhor Atriz
1) Casamento de Rachel - Anne Hathaway
2) Dúvida - Meryl Streep
3) Leitor (3) - Kate Winslet
4) Rio Congelado - Melissa Leo
5) Troca - Angelina Jolie
Também são as mesmas indicadas do SAG (está cada vez mais óbvio). A diferença é que Kate Winslet foi indicada por Foi Apenas um Sonho no prêmio do Sindicato e por O Leitor no da Academia. No post de quinze dias atrás eu comentei que não descartaria Rio Congelado, já que é um dos filmes independentes mais falados do ano. Mas juro que apostaria uma grana que Sally Hawkins substituiria Melissa Leo com sua atuação em Simplesmente Feliz (concorrendo à injustiça do ano). Mesmo torçendo por Anne Hathaway está parecendo que finalmente farão justiça a Kate Winslet esse ano. Tanto que não a indicaram para coadjuvante para que não divida votos. O casal Brangelina garantiu a primeira fileira na festa.

* Melhor Ator Coadjuvante
1) Batman - O Cavaleiro das Trevas - Heath Ledger
2) Dúvida (2) - Philip Seymour Hoffman
3) Foi Apenas um Sonho - Michael Shannon
4) Milk - A Voz da Igualdade (4) - Josh Brolin
5) Trovão Tropical - Robert Downey Jr.
O novato Dev Patel de Quem Quer Ser um Milionário foi substituído por Michael Shannon em comparação ao SAG. Incrível que ele apenas venceu o Satellite Awards e foi indicado pelo Festival de Palm Springs e pela Associação dos Críticos de Chicago. Surpresa total. Heath Ledger está batendo em bêbado e os americanos realmente adoraram Trovão Tropical.


* Melhor Atriz Coadjuvante

1) Curioso Caso de Benjamin Button (4) - Taraji P. Henson
2) Dúvida (3) - Amy Adams
3) Dúvida (4) - Viola Davis
4) Lutador (2) - Marisa Tomei
5) Vicky Cristina Barcelona - Penélope Cruz
Marisa Tomei está de volta e entrou no lugar de Kate Winslet nessa categoria em relação ao Sindicato. A atriz já tinha ido muito bem em Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. Aplausos para a indicação de Taraji P. Henson, ela realmente trabalha muito bem como a mãe adotiva de Ben Button. As duas indicações para Dúvida reforça aquela tese de um longa com grandes atuações, que provocou um grande número de indicações. Por isso achava que o filme apareceria na categoria melhor filme. O SAG Awards (esse domingo!) vai clarear um pouco essa categoria, que sem Kate Winslet ficou imprevisível. Mas estou achando que das duas uma: ou Dúvida recebe aqui um prêmio de consolação ou, incrivelmente, Penelope Cruz (foto) leva.

* Melhor Roteiro Original
1) Milk - A Voz da Igualdade (5)
2) Na Mira do Chefe
3) Rio Congelado (2)
4) Simplesmente Feliz
5) Wall*E
Que categoria! Apenas Milk foi indicado pelo Sindicato dos Roteiristas. Por lá ele foi acompanhado por: Aprendendo a Viver, Lutador, Queime Depois de Ler e Vicky Cristina Barcelona. Eu gostei mais do roteiro do filme do Woody Allen do que Na Mira do Chefe, mas entendo ser essa a oportunidade de homenagear o filme. Já Simplesmente Feliz aparecer no Oscar nessa categoria reforça a minha tese do filme ter uma história sensacional. E fiquei muito feliz por Wall*E ter sido indicado e acredito que ele leva. Não pode existir nada mais original que ele entre os três filmes que ainda não assisti.

* Melhor Roteiro Adaptado
1) Curioso Caso de Benjamin Button (5)
2) Dúvida (5)
3) Frost e Nixon - A Luta pela Democracia (4)
4) Leitor (4)
5) Quem Quer Ser um Milionário? (3)
Briga de cachorro grande aqui. Ben Button tem um roteiro maravilhoso, inspirado no conto de F.Scott Fitzgerald. Já Dúvida é uma peça de teatro aclamadíssima e O Leitor um romance muito elogiado. Quem Quer Ser um Milionário tem conseguido adeptos justamente por sua história. E Frost e Nixon conta um importante capítulo da história dos Estados Unidos. Eu não me arrisco. O Leitor, assim como nas categorias de filme e diretor, substituiu Batman - O Cavaleiro das Trevas.

* Melhor Filme de Animação
1) Bolt - O Supercão
2) Kung Fu Panda
3) Wall*E (2)
São os mesmos indicados de todos os grandes prêmios e o vencedor é Wall*E. No Annie, prêmio só de animação, esses três concorrem com Valsa com Bashir (que deveria estar no lugar de Bolt) e $9.99.

* Melhor Fotografia
1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (2)
2) Curioso Caso de Benjamin Button (6)
3) Leitor (5)
4) Quem Quer Ser um Milionário? (4)
5) Troca (2)
Pelo Sindicato, Foi Apenas um Sonho está no lugar de A Troca. Adiantando a maioria dos prêmios técnicos, Batman e Ben Button devem dividir os troféus.

* Melhor Edição
1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (3)
2) Curioso Caso de Benjamin Button (7)
3) Frost e Nixon - A Luta pela Democracia (5)
4) Milk - A Voz da Igualdade (6)
5) Quem Quer Ser um Milionário? (5)
São os mesmos cinco indicados pela Associação dos Editores na categoria drama. Em comédia concorre Mamma Mia, Na Mira do Chefe, Trovão Tropical, Vicky Cristina Barcelona e Wall*E. Nenhum deles foi lembrado.


* Melhor Direção de Arte

1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (4)
2) Curioso Caso de Benjamin Button (8)
3) Duquesa
4) Foi Apenas um Sonho (2)
5) Troca (3)
Clint Eastwood caprichou mesmo em A Troca. Nesse caso, o Sindicato dos Diretores de Arte divide em três categorias: filme de época, de fantasia e contemporâneo. No primeiro caso foram indicados ao Oscar O Curioso Caso de Benjamin Button e A Troca (concorrendo com Dúvida, Frost/Nixon e Milk); no segundo apenas Batman foi lembrado (concorrendo com As Crônicas de Spiderwick - que eu gostei muito - Homem de Ferro, Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal e Wall*E); no terceiro nenhum foi indicado (007 - Quantum of Solace, Gran Torino, O Lutador, Queime Depois de Ler e Quem Quer Ser um Milionário). Por isso que A Duquesa (foto) (quem leu o blog nos últimos dias sabe que estava animado para ver esse filme, mas depois desisti - agora volto a querer ver) e Foi Apenas um Sonho dificilmente vencem.

* Melhor Figurino
1) Austrália
2) Curioso Caso de Benjamin Button (9)
3) Duquesa (2)
4) Foi Apenas um Sonho (3)
5) Milk - A Voz da Igualdade (7)
Sim, existe Sindicato dos Figurinistas (não quero nem imaginar isso). É dividido da mesma forma do anterior. Os indicados são iguais aos da categoria filme de época, exceto Austrália que substituiu A Troca. Nos filmes de fantasia temos Batman, Crônicas de Nárnia 2 e A Múmia 3. Nos contemporâneos Homem de Ferro, O Lutador, Mamma Mia (que merecia ser lembrado), Quem Quer Ser um Milionário e Sex And The City (que só não foi indicado porque é muito ruim). Austrália, tão criticado, furou a fila e conseguiu uma vaguinha na festa.


* Melhor Maquiagem

1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (5)
2) Curioso Caso de Benjamin Button (10)
3) Hellboy 2 - O Exército Dourado
É um prêmio técnico que não tem um troféu de Sindicato, assim como efeitos visuais. Mas os três trabalhos são excelentes, principalmente Hellboy (do grande Guilhermo del Toro), lembrado apenas nessa categoria (foto).

* Melhor Trilha Sonora
1) Ato de Liberdade
2) Curioso Caso de Benjamin Button (11)
3) Milk - A Voz da Igualdade (8)
4) Quem Quer Ser um Milionário? (6)
5) Wall*E (3)
Comentando o resultado das bilhterias na terça-feira eu disse ter estranhado e lamentado o 8º lugar e os menos de 10 milhões de dólares de Um Ato de Liberdade, filme de guerra com Daniel Craig orçado em 50 milhões de dólares. Eis que ele aparece no Oscar dois dias depois. O Grammy indicou os álbuns de Batman, Homem de Ferro, Indiana Jones e Sangue Negro (esse concorreu ano passado) ao lado de Wal*E.

* Melhor Canção
1) Quem Quer Ser um Milionário? (7) - "Jai Ho"
2) Quem Quer Ser um Milionário? (8) - "O Saya"
3) Wall*E (4) - "Down to Earth"
Bruce Springsteen que venceu o Globo de Ouro com a canção de O Lutador não foi lembrado. Teremos um pedaço da Índia no palco da cerimônia com as duas canções de Quem Quer Ser um Milionário. Vamos ver se elas fazem frente à música de Wall*E que é muito bonita e parece ser a favorita. O Grammy, que será entregue dia 8 de Fevereiro e será tema do blog em breve, também indicou a canção de Wall*E com outras quatro de filmes lançados em 2007: duas de Encantada (lembrada no Oscar 2008), uma de Antes de Partir e outra de A Vida é Dura.

* Melhor Som
1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (6)
2) Curioso Caso de Benjamin Button (12)
3) Procurado
4) Quem Quer Ser um Milionário? (9)
5) Wall*E (5)
Olha O Procurado aí! Gostei da lembrança, o filme é muito legal. No prêmio do Sindicato não tem O Curioso Caso de Benjamim Button nem O Procurado. Eles foram substituídos por 007 - Quantum of Solace e Homem de Ferro.


* Melhor Edição de Som

1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (7)
2) Homem de Ferro
3) Procurado (2)
4) Quem Quer Ser um Milionário? (10)
5) Wall*E (6)
Homem de Ferro (foto) é sensacional e mesmo não se encaixando no perfil da Academia, tinha que ser lembrado em algumas categorias técnicas.

* Melhores Efeitos Visuais
1) Batman - O Cavaleiro das Trevas (8)
2) Curioso Caso de Benjamin Button (13)
3) Homem de Ferro (2)
Ben Button termina como líder em indicações, seguido de Quem Quer Ser Milionário com 10, Milk e Batman com oito e Wall*E com seis. Mesmo assim a Academia esnobou os filmes do homem-morcego e do robô nas categorias principais.

* Melhor Filme Estrangeiro
1) Alemanha - Der BaaderMeinhof Komplex
2) Austria - Revanche
3) França - Entre les Murs
4) Israel - Valsa com Bashir
5) Japão - Okuribito
A briga deve ficar mesmo com a animação israelense (favorita) e o longa francês vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Mas andam elogiando muito esse filme alemão e ele pode surpreender.

Quanto aos documentários e curta-metragens, deixo essas quatro categorias mais para frente, já que ainda são poucas informações sobre eles. Portanto, vamos ver a agenda da caminhada rumo ao Oscar:

25/1 - Sindicato dos Atores
30/1 - Annie, o Oscar da animação
31/1 - Sindicato dos Diretores
07/2 - Sindicato dos Roteiristas
08/2 - BAFTA e Grammy
14/2 - Sindicato dos Diretores de Arte e Sindicato dos Operadores de Som
15/2 - Sindicato dos Editores e Sindicato dos Fotógrafos
17/2 - Sindicato dos Figurinistas
21/2 - Prêmio Framboesa de Ouro
22/2 - 81º Oscar

Agora todos os filmes indicados, em negrito os que já estrearam no Brasil (com o link dos que já foram comentados - semana que vem eu comento o restante) e em vermelho os que ainda irão estrear, com a previsão das datas:
01 Aprendendo a Viver (sem previsão)
02 Ato de Liberdade (27/2)

03 Austrália (23/1)

04 Batman - O Cavaleirom das Trevas link
05 Bolt - O Supercão link
06 Casamento de Rachel (13/2)
07 Curioso Caso de Benjamin Button
link
08 Dar Baader Meinhof Complex (3/7)
09 Duquesa (comentário dia 27)
10 Dúvida (6/2)
11 Entre les Murs (13/3)

12 Foi Apenas um Sonho (30/1)

13 Frost e Nixon - A Luta pela Democracia (20/2)

14 Hellboy 2: O Exército Dourado (comentário dia 27)
15 Homem de Ferro
link
16 Kung Fu Panda
(comentário dia 27)
17 Leitor (6/2)
18 Lutador (13/2)
19 Milk - A Voz da Igualdade (6/2)

20 Na Mira do Chefe link
21 Okuribito (sem previsão)
22 Procurado (comentário dia 27)
23 Quem Quer Ser um Milionário? (6/3)
24 Revanche (sem previsão)
25 Rio Congelado (6/3)

26 Simplesmente Feliz (6/3)

27 Troca (veja o comentário abaixo)
28 Trovão Tropical
link
29 Valsa com Bashir (10/4)
30 Vicky Cristina Barcelona link
31 Wall*E
link

São doze assistidos (nove já comentados e três por comentar) e dezenove para assistir (sendo que apenas A Duquesa já passou nos cinemas). Nos próximos trinta dias pretendo comentar todos esses nos posts sobre cinema. Assista também e deixe seu comentário. Lembrando que as datas, principalmente as de março e abril (depois da cerimônia) estão sujeitas a alterações.

Troca



Estreia - 9/1 - Clint Eastwood realmente não chuta uma pra fora. Em A Troca o diretor acerta o alvo mais uma vez com a história real de Christine Collins, uma mãe que foi abandonada pelo marido à época do nascimento de seu filho e precisa trabalhar numa companhia telefônica e cuidar da criança na Los Angles da final da década de 1920. A trama começa quando, ao voltar pra casa do trabalho, o filho de Christine não está mais lá. A mesma deve pedir socorro à corrupta polícia de Los Angeles, que ao ver a repercussão do caso, se aproveita da infelicidade de um menino e espalha para a imprensa que o filho de Collins foi encontrado.
Com a mídia toda sufocando o reencontro, Christine tem certeza que aquele não é seu garoto, mas não consegue se manifestar. O grande dilema da vida dela passa a ser dar amor a uma criança enquanto procura o verdadeiro filho. Nessa caminhada ela encontra um pastor que utiliza suas pregações para criticar a polícia local e está disposto a desmascarar a farsa que foi o resgate de um garoto falso.
É incrível assistir A Troca sabendo que aquela história é verdadeira. Como no momento em que acham um argumento medíocre sobre o "novo filho" ser mais baixo (alegam que a criança ficou traumatizada e passou a andar mais curvada). Ou como no momento em que Collins está disposta a ir para os jornais e provar que seu filho continua desaparecido. A saída miliciana que o Delegado acha é interná-la num hospício, com direito a tratamento de choque que remete ao clássico Um Estranho no Ninho.
O filme é muito rico em detalhes e é fantástica a maneira como o roteiro vai abrindo seu leque, envolvendo o espectador e juntando todas as pontas. Além de suspense, drama urbano e momento-hospício, há a parte de trama de tribunal, que se não é brihante serve para concluir de maneira bem objetiva.
Angelina Jolie (que acaba de ser indicado ao Oscar pelo papel) faz um trabalho excelente, como a mulher excessivamente obstinada que precisa se fazer compreender a todo instante. Há quem diga que ela exagerou em algumas cenas visando o reconhecimento da Academia, mas não vi exagero algum. Algo me diz que ela será lembrada por esse filme para sempre (essa imagem do pôster de Angelina com o chapéu marrom já virou uma das imagens de 2009 no cinema). Seu único Oscar foi com Garota, Interrompida, onde coincidentemente ela passa o filme internada num hospício. Destaco também John Malkovich, que parece nunca trabalhar mal.
Interessante que Eastwood pegou gosto em compor trilhas sonoras e gosta de usar o tema principal do filme a todo instante. Para quem já viu o filme e gosta de filmes antigos, Aconteceu Naquela Noite é realmente sensacional, muito melhor que a versão de Cleópatra daquele ano. Foi o primeiro filme de Capra que eu assisti. Nota 8




A partir de hoje o blog trará uma estatística junto ao comentário de algum filme
Filmes comentados em 2009: 49
Filmes lançados em 2009: 4
Total de filmes do blog: 49

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Curioso Caso de Benjamim Button

A maratona começou! Com a proximidade da lista final do Oscar, os cinéfilos do mundo todo se voltam aos filmes que provavelmente garantirão algumas indicações. Isso ocorre com O Curioso Caso de Benjamim Button, produção que tem feito frente ao favoritismo de Slumdog Millionaire. Ontem eu conferi e reservo o post de hoje para o longo longa de David Fincher, mais uma para a lista de 2009.



Estreia - 16/1 - Chegou o grande dia, aquele em que finalmente assistiria o filme orçado em 150 milhões de dólares que é a menina-dos-olhos de Davind Fincher, um dos grandes diretores da atualidade. A premissa do roteiro se espalhou pelo mundo como a fantástica ideia de um homem que nasce velho e ao longo da vida vai rejuvenescendo (F. Scott Fitzgerald, que escreveu o conto, se inspirou numa frase de Mark Twain). Muita coisa rolou para que a trajetória de Benjamim Button pudesse virar uma realidade nos cinemas. No início da década de 1990 quase vimos Steven Spielberg dirigindo Tom Cruise no papel principal. Em 1998 chegaram a anunciar que Ron Howard seria o diretor e John Travolta o protagonista (e são duas coisas das quais eu voltarei depois). Spike Jonze também quis levar o conto para a telona e Rachel Weisz só não fez o papel de Cate Blanchett por conflitos de agenda. E foi com esse espírito que eu entrei no cinema.
Apesar de longo, pouca coisa precisa ser falada sobre O Curioso Caso de Benjamim Button. Tudo está ali, muito bem construído. O início de sua vida, com a rejeição do pai e sua criação por uma mãe adotiva negra que morava numa casa de repouso tem o claro propósito de contar a história num ritmo particularmente lento. Ao mesmo tempo em que entendo a intenção dos realizadores de filmes densos, que brigam sempre pelos prêmios mais importantes, eu me preocupo que longas com essa proposta afaste público. Eu já ouvi gente dizendo que O Curioso Caso de Benjamim Button é ruim e sei que uma pessoa não pode estar falando isso baseado em coisas que realmente fazem um filme ser ruim. Ele é tecnicamente perfeito, as interpretações são extraordinárias, o roteiro é diferente de tudo o que já passou pelos cinemas. Ele só tem o porém de ser lento apesar de, menos mal, não se prolongar nas cenas e ter um certo bom humor. Fico feliz com a boa aceitação das pessoas mais próximas e com a bilheteria alta para o tipo de filme (se bem que David Fincher atrai muita gente - não atraiu em Zodíaco).
Voltando à história em si, é interessante a forma como Button tenta viver sua vida nos primeiros dez, quinze anos. Para quem pensa que é fantástico nascer velho e morrer novo, perceba que o personagem está com o corpo debilitado e a mente de uma criança e não tem coisa pior do que isso. É uma pessoa em formação com deficiências da idade. Talvez por isso que Button trate a morte com uma naturalidade assustadora (ele recebe notícias de que amigos dele acabam de morrer o tempo todo). O roteiro se prende à primeira metade da vida dele com uma força de alguém que diz que Button não pode ser feliz por completo já que ele simplesmente não é normal e vai morrer de uma forma absurda. A depressão dele é de quem leva a vida sabendo a hora exata da morte.
Mas o sensacional mesmo é a fase em que ele está com a mente de uma pessoa de vinte anos e o corpo de um cinquentão (tudo bem, admito que é um Brad Pitt cinquentão). Ao expandir seu horizontes para além do asilo, Button vai conhecendo pessoas que o tratam como alguém experiente, mal sabendo que são coisas que ele ainda tem que descobrir (o trabalho, o sexo, o trato com o dinheiro, a amizade com gente que não está velho esperando a morte). Essa é uma fase dura mas fundamental para ele, que entenderá como um homem mais jovem deve se comportar. E é nessa hora que o amor dele por Daisy, menina que conheceu quando era considerado um velho, vai se tornando possível. Sobre Cate Blanchett, sem comentários: ela é perfeita em qualquer papel e é mais um para sua lista de personagens inesquecíveis. Geralmente eu não gosto dos atores fazendo papel de pessoas muito velhas, mas o que Cate faz, permeando o filme todo no seu leito de morte, é sensacional.
Sobre Brad Pitt, devo me alongar. Juro que enquanto assistia O Curioso Caso de Benjamim Button eu pensava estar vendo o papel da vida dele (e ele fez muito bem em exigir sua interpretação em todas as fases do protagonista). Mas o que ele já fez na carreira me permite duvidar dessa afirmação. Não adianta negar que ele é um grande ator. É o mesmo cara que fez, na ordem, Lendas da Paixão, Se7en, Os Doze Macacos, Sleepers, Sete Anos no Tibet, Clube da Luta, Tróia e O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford e em todas essas vezes a gente pensava que aquele era o papel da carreira de Brad Pitt (ano passado exigiam uma indicação para ele por Jesse James). Está na hora de um merecido reconhecimento. Mickey Rourke e Sean Penn podem ter saído na frente, mas tem sim chance dele vencer o prêmio máximo do cinema. O ator poderia entregar uma atuação piegas, ou então melancólica ao extremo para que nos provocasse pena. Porém, Pitt atua na medida certa.
Aí você vai me perguntar: o filme é perfeito? Sim e não. Não dá pra falar mal do roteiro, dos efeitos, das atuações, do diretor. Ninguém consegue. Mas falta emoção um pouco. A tristeza dos primeiros anos não se refletiu lá na frente (e não entro em detalhes para não estragar o filme). A história vai muito bem, mas há momentos em que não se vê a grandiosidade de um longa inesquecível, arrebatador, que provoca em você um turbilhão de sentimentos. Eu sei que são poucos filmes assim, mas esperava que O Curioso Caso de Benjamim Button fosse um deles. A preocupação de entregar um longa sem erros não deu ao espectador a proximidade que grandes filmes geralmente trazem. Ele não tem aquele brilho dos recentes Na Natureza Selvagem ou Sangue Negro.
Quando lá no início me interessei pelo fato de que Spielberg quis dirigir a história no início da década de 1990, é porque ele é o mestre em criar esse tipo de coisa. Talvez exagere algumas vezes, mas pense em A Lista de Schindler. Aliás, pense no que Robert Zemeckis fez em Forrest Gump (que muitos gostam de comparar com Benjamim Button porque vai contextualizando historicamente: 1ª Guerra, 2ª Guerra, anos 60). Não preciso dizer mais nada. Já Ron Howard faria parecido com Fincher, mas talvez sem a mesma qualidade técnica. Os filmes dele raramente emocionam (a óbvia exceção é Uma Mente Brihante), mas gostaria de ter visto Travolta de Benjamim Button. Pensar em Spielberg como procutor e o próprio Fincher dirigindo não me sai da cabeça.
A nota engraçada é que Danny Boyle, diretor de Slumdog Millionaire, adiou seu projeto chamado Solomon Grundy, que dizem ser muito parecido com esse aqui. E pode ser justamente Boyle a tirar o Oscar de filme e de diretor das mãos de Fincher.
Eu saí do cinema satisfeito (e dizendo isso agora acrescento mais um ponto na nota. Acordei rígido demais hoje, mas melhorei). Mas é importante que se diga que O Curioso Caso de Benjamim Button é um filme preocupado em falar da morte (e tem gente que não gosta disso). Veja o que acontece com as pessoas, os objetos e as lembranças ao final. Só que também é importante reconhecer que a insistência dos grandes diretores e dos grande filmes em falar sobre a morte é a melhor maneira de se celebrar a vida de verdade que existe do lado de fora da tela. Nota 9

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Os dois primeiros da lista

2009 no cinema começa para o blog hoje. Já fizemos uma retrospectiva dos destaques positivos e negativos do ano passado, já falamos muito sobre quem vem forte para o Oscar (indicados saem na quinta-feira que vem) e ontem destacamos cinco comédias adoradas pela crítica do ano que se passou. Agora sempre que possível (o blogueiro até queria, mas não faz só isso na vida) o blog assiste e comenta pra você as produções que chegam aos cinemas esse ano. Nosso guia, assim como em 2008, será o blog do Cinema com Rapadura, que você acessa aqui. Será impossível ver todos os filmes, então a gente tem que eliminar alguns. Do dia 9 de Janeiro, por exemplo, pode esquecer O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes. Eu sei que o cinema nacional precisa de uma força, que um filme de animação brasileiro é difícil, que os produtores deram duro, mas...
Por hoje deixo vocês com os dois filmes lançados em circuito nacional no dia 2 de Janeiro: Se Eu Fosse Você 2 e Bolt.


Bolt - O Supercão



Estreia - 2/1 - Bolt é a animação que a Disney lançou no final do ano nos Estados Unidos e, como tem acontecido com filmes não produzidos pela Pixar, deixou a desejar nas bilheterias. O longa conta a história de um cachorro que é astro de um programa de televisão onde ele possui superpoderes como superforça, supervelocidade e, o principal, o superlatido (ai, esses filmes de cachorro). Eu não sou muito fã de cão, mas devo admitir que Bolt é até bonitinho, um dos mais engraçados que já vi (talvez porque ele não seja de verdade). Enfim, Bolt (dublado por John Travolta) não sabe que tudo o que ele passa durante o dia é ficção, já que tomam cuidado para não repetir cenas, nem ensaiar ou deixar o animal ver as câmeras. Sua colega de trabalho é uma garotinha (dublada por Miley Cyrus) que não tem muito vontade própria e não consegue conviver com o cachorro fora das gravações. Interessante ver a maneira como o empresário e os produtores do programa se comportam perante a menina. Podemos fazer até um paralelo com a vida da própria atriz na vida real, que desde criança estrela um programa de TV (Hannah Montana, caso você tenha acabado de voltar de outro planeta) e tem que se sujeitar às exigências da própria Disney. Acho que isso nem se passou na cabeça da Miley Cyrus (que compôs a canção do filme e a interpreta muito bem). Voltando à trama, Bolt continua interpretando seu personagem mesmo fora das câmeras e à noite fica trancado no camarim sem contato com a realidade. A confusão começa quando ele sai do camarim e vai parar no mundo real, onde não tem superpoderes e todos tratam ele como uma bicho qualquer. Ao cair numa caixa e ser levado de caminhão de Hollywood até Nova York, Bolt conhece a gata Mittens, responsável por dar ao cão um choque de realidade (em parte porque ela já foi abandonada uma vez, o que explica o tom exageradamente pessimista e amargurado). Ao ver o filme dá para imaginar o cachorro como uma criança que, ao crescer, tem que lidar com a realidade. Quem nunca pensou que a vida adulta seria melhor e mais divertida do que ela realmente é? E Bolt aos poucos vai entendendo que não é aquele ser especial, que iria salvar o mundo do "homem dos olhos verdes". A Disney apostou muito na ação nesse filme, que usa várias vezes cenas no estilo Matrix, bem manjadas atualmente. Mas por vezes ela se aproxima bastante da animação tradicional (e agora em 2009 ela volta àquele modo clássico de roteiro / storyboards / lápis e papel, com um filme de Princesa - que ela também não fazia há anos). Um exemplo disso é o tamanho dos olhos dos personagens, desproporcionais, como nos animes. De resto é aquele previsibilidade de sempre, personagens engraçados (Rhino e os pombos), Bolt aprendendo a ser cachorro (no sentido animal) e aquelas mensagens de amizade e a famosa "acredite em você mesmo". Nota 6

Se Eu Fosse Você 2



Estreia - 2/1 - Uma clássica continuação nos moldes do cinema americano, Se Eu Fosse Você 2 é o primeiro de muitos sucessos do cinema nacional em 2009 (pelo menos essa é a torcida de todo muito que gosta de cinema e que entende que o próprio país tem que ter uma produção forte no ramo). É importante que os produtores invistam em filmes que vendam bem, que atraiam público. E essa comédia surge de um longa original que atraiu 3,6 milhões de pessoas, uma das maiores bilheterias desde a chamada "retomada". O roteiro é simples de propósito para provocar riso fácil (não tem como não rir do veterano Tony Ramos falando "estou me sentindo uma vadia") e quem já viu o trailer conhece o filme todo. Aliás, lição número um ensinada por Hollywood: coloque as melhores piadas do seu filme no trailer. O casal Helena (Glória Pires) e Claudio (Tony Ramos) estão passando por um crise no relacionamento até que decidem se separar. A filha deles (Isabelle Drummond, aquela criança irritante que fazia a Emilia do Sítio do Pica-Pau Amarelo) está grávida e pretende contar a mãe, que mais cedo ou mais tarde todos sabem que vira o pai. O início dava pinta de que partiria logo para a comédia, mas ele tem o mesmo ritmo do primeiro e o prólogo dura um terço do filme, incluindo referências ao longa original (quem não se lembrou dele quando viu Gloria Pires acordando de manhã?). Se Eu Fosse Você 2 conta com presenças ilustres de Maria Gladys, Ary Fontoura (que fase), Chico Anysio e Marcos Paulo e outras nem tão ilustres assim (Adriane Galisteu). A cena em que discutem o divórcio quando já estão trocados é apontada pelo público como a mais engraçada e realmente é. Os críticos mais puritanos dirão que Daniel Filho vai na contra-mão do que o Brasil sabe fazer em termos de cinema. Desde que Glauber Rocha, em 1964, nos deu Deus e o Diabo na Terra do Sol houve uma desconstrução do cinema nacional, criando ali o ponto inicial de uma identidade que carregaríamos ao longo do tempo. E somos reconhecidos no mundo inteiro por desdobramentos daquele filme que mostrou a cara do nosso país pela primeira vez. Bebemos da fonte de Cacá Diegues, das adaptações de Nelson Rodrigues e Jorge Amado e nos últimos anos apostamos nos dramas urbanos inaugurados por Pixote e aprimorado por Cidade de Deus e derivados. Mas domesticamente é bom fazer filmes que funcionam para o povo, mesmo que não pareça filme nacional (e tem gente que acha isso até uma qualidade). É importante fazer dinheiro. Nota 5

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cinco vezes comédia



Como prometido ao longo da semana, separei um dia para falar sobre os filmes lembrados no Globo de Ouro mas que não devem ir mundo longe no Oscar. Tradicionalmente as comédias são esquecidas pela Academia, sendo raras as exceções. Já na premiação dos correspondentes estrangeiros situados em Hollywood, três categorias são específicas das comédias e musicais. Esse ano concorreram a melhor filme Mamma Mia!; Na Mira do Chefe; Queime depois de Ler; Simplesmente Feliz; e Vicky Cristina Barcelona. Como o filme estrelado por Sally Hawkins é um dos prováveis indicados ao prêmio de melhor atriz (me arriscaria a incluir roteiro e talvez diretor), substituí esse longa (que ainda não estreou no Brasil) por Trovão Tropical, comédia que virou cult pela boa recepção da crítica. Vamos à elas:

Mamma Mia!



Estreia - 12/9/2008 - Sucesso nos teatros europeus nos últimos anos, Mamma Mia! conta a história de uma menina que, de casamento marcado, convida três homens que tiveram caso com a sua mãe, para saber qual deles é o verdadeiro pai. A bilheteria nos Estados Unidos passou dos 100 milhões de dólares, mas o filme explodiu também na Europa. O elenco é correto, liderado por Meryl Streep que consegue mais uma vez provar que pode interpretar qualquer papel. É divertido, original, não tão previsível e por vezes inteligente, explorando bem a idéia de ter as músicas do Abba como objeto de desenvolvimento da história. O grande trunfo do filme é que ele não se leva a sério e os atores passam a ideia de que estão realmente se divertindo, despreocupados em entregarem atuações inesquecíveis. Tanto que alguns números musicais são caricatos e até constrangedores em determinados momentos, mas nada que estrague o longa. Pelo contrário, lembra até os videoclipes da era pré-MTV, onde os artistas não sabiam muito bem o que fazer, cantando e dançando de maneira meio esquisita. Quem viveu na Era Disco ainda sente uma ponta de nostalgia, já que todas as canções foram sucessos absolutos. Para os mais novos, um filme leve, despretensioso, que sem dúvida diverte a maioria. Não enjoa, tem um roteiro cheio de idas e vindas e ainda apresenta para quem não conhece as canções do maior grupo sueco da História. Nota 7

Na Mira do Chefe



Estreia - 17/10/2008 - Ray (Colin Farrell) e Ken (Brendan Gleeson) são dois matadores enviados em férias forçadas para Bruges - uma linda cidade, apesar de Ray não gostar muito. Enquanto eles aguardam ordens do chefe a gente vai descobrindo que o personagem de Farrell está se sentindo culpado por ter atirado acidentalmente numa criança em seu primeiro trabalho. Passeando pela cidade ele esbarra com uma família de gordos, uma equipe de filmagem de uma produção com anões, briga com um casal em um restaurante e conhece uma garota. São poucos os momentos engraçados, mas Farrell trabalha muito bem, fazendo um cara meio bobo, que não serve para assassino profissional (seu Globo de Ouro foi até merecido). Por vezes o filme se arrasta, se preocupa mais em contemplar a paisagem da cidade que conservou boa parte das construções medievais do século XI em diante. É proposital, a intenção é que não aconteça realmente muita coisa. A virada do roteiro acontece quando Ken recebe a ordem de matar Ray por conta do erro que esse cometeu. A viagem a Bruges tinha o propósito de "divertir" o homem que estava perto de morrer (logo Ray que odiou tanto a cidade). Quando Ralph Fiennes aparece, como o chefe do título brasileiro, se inicia uma parte cheia de suspense com uma conclusão bem diferente e interessnate. No todo, ele acaba sendo uma comédia ok, mesmo se utilizando do humor inglês meio esquisito (é só ver a piada do chocolate e dos abusos à menores). Nota 7

Queime depois de Ler



Estreia - 28/11/2008 - Os irmãos Coen não brilham tanto com esse filme que é um mini-mosaico formado por nativos da terra do Tio Sam extremamento neuróticos e infelizes. John Malkovich faz um homem demitido do Departamento de Inteligência que, para se vingar, decide escrever alguns textos contando os podres da Agência. Ao mesmo tempo sua mulher, vivida por Tilda Swinton, mantém um relacionamento extra-conjugal com o personagem de George Clooney. Seu marido ainda não sabe que dorme ao lado de uma inimiga, que pretende sugar grande parte da fortuna dele antes de pedir o divórcio. Completando a história temos Frances McDormand vivendo uma mulher insatisfeita com seu físico, que passa por crise de meia-idade e que procura insistentemente um marido. Ela trabalha na mesma academia que o personagem de Brad Pitt (o mais engraçado de todos), que vive um bobalhão. Agora imagine a confusão que une todas essas pessoas: a esposa grava um CD com os arquivos confidenciais do marido, entrega para a secretária do seu advogado, que perde o CD na academia, chegando esse às mãos dos dois trapalhões que decidem subornar o marido corno para conseguir um dinheiro. A construção dos personagens feita pelos irmãos (que dirigem e escrevem seus filmes) consegue ser muito interessante até em filmes absurdos como esse e O Grande Lebowski. E é justamente quando a atenção se vira para aquele que parecia levar melhor a vida (mas se mostra o mais neurótico de todos), a persona de George Clooney, que Queime Depois de Ler finalmente engrena, naquela crítica básica ao cidadão americano, derrubando as máscaras dos personagens. A confusão da meia hora final e a mistura de ação com comédia funcionam, o longa prende a sua atenção, mas não é dos mais inspirados dos grandes vencedores do Oscar do ano passado por Onde os Fracos Não Têm Vez. A sorte é que os atores trabalham muito bem, desde Tilda Swinton que não está acostumada a esse tipo de filme, até Frances McDormand, que faz boa dupla com Brad Pitt. Nota 6


Trovão Tropical



Estreia - 29/8/2008 - Os críticos não gostam muito de Ben Stiller. Só que em Trovão Tropical ele quase alcançou a unanimidade positiva dirigindo, roteirizando, produzindo e atuando. Esse filme dividiu o público (foi criticado por se dirigir a deficientes mentais de maneira politicamente incorreta), talvez por ser pretensioso ao extremo. É o único desses cinco que é comédia o tempo todo, o besteirol clássico. O roteiro é ofensivo (estilo Borat, só que no filme de Sacha Baron Cohen funcionou melhor), com piadas por vezes apelativas, limitando a plateia que vai realmente gostar de Trovão Tropical. Eu fico no meio termo: não acho tão brilhante quanto pintam nem a grosseria que outros dizem ser. As cenas que envolvem ação ficaram ótimas, Stiller achou grandes atores dispostos a entrar na brincadeira (Tom Cruise e sua atuação freak e Robert Downey Jr. fazendo o ator branco que interpretam um negro estão demais) e a sátira a Hollywood, com uma homenagem aos filmes de humor negro tipo M*A*S*H e trailers de produções falsas (e bizarras) prende o espectador e diverte na maioria do tempo. Ele é simpático, se você não se irrita ou fica chocado com coisas "sem-noção" demais, pode assistir sem medo. Só não vi o porquê da crítica render tantas homenagens. Nota 7

Vicky Cristina Barcelona



Estreia - 14/11/2008 - Esse é o melhor dos cinco do post de hoje. Não é nada muito brilhante, mas concordo que é um dos melhores do Woody Allen nesses últimos tempos. Conta a história de Vicky (Rebecca Hall) que vai com sua amiga Cristina (Scarlet Johanson) para Barcelona. A primeira está pesquisando para a tese de mestrado em que ela discute a cultura catalã. Já a segunda gosta de falar que não sabe o que quer da vida, só sabe o que não quer. E pessoas assim estão por todas as partes, passando boa parte da vida buscando aquilo que não sabe o que é. Cristina até deseja viver fora dos padrões, mas nunca foi muito de correr riscos. Vai fazer isso justamente ao conhecer Juan Antonio (Javier Bardem) e aceitar viajar com ele para Oviedo. Vicky, de casamento marcado, sempre sentiu a necessidade de viver um relacionamente estável e aos 45 minutos do 2º tempo começa a questionar coisas que ela nunca pensou que questionaria. A aventura das duas com Juan Antonio em Oviedo faz parte de um exagero, um extremo que as duas viram como necessário naquele momento, cada uma da sua forma. Só que a vida delas muda completamente depois disso. Cristina se apaixona de tal forma que passa a se sujeitar a situações incomuns e constrangedoras, como morar com Juan Antonio e sua ex-mulher Maria Elena (Penelope "Denise Fraga" Cruz), vivendo de maneira alternativa a "estabilidade instável" de uma vida de casal. Já Vicky nas portas do seu matrimônio descobre que corre o risco de passar o resto dos dias com alguém que ela não se sente mais conectada. O roteiro trata de temas sérios mas de uma forma leve, bem divertida que faz o espectador nem sentir o tempo passar. Javier Bardem se descolou bem de seu papel vencedor do Oscar por Onde os Fracos Não Têm Vez e Penelope Cruz, mesmo exagerada, trabalha bem. O tema do filme é parecido com o de Closer - Perto Demais (esse de forma mais brilhante). A aventura das duas americanas na Espanha é uma forma de mostrar como o medo de fugir dos padrões, de questionar sua vida e de trair os outros podem fazer com que você acabe traindo a você mesmo. Nota 8


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um jantar e uma surpresa



Depois de uma maratona de quatro jogos de futebol americano no sábado e no domingo, nada como voltar nossas atenções ao cinema, com a cerimônia do Globo de Ouro. Por conta da emocionante batalha em Pittsburgh não pude acompanhar a chegada dos artistas no tapete vermelho (que muitos acham mais interessante que a própria festa), mas soube que Brad Pitt e Angelina Jolie ignoraram Ryan Secrest quando ele tentava entrevistá-los. Uma hora isso tinha que acontecer. Para quem não sabe, o E! é uma espécie de TV Fama 24 horas por dia nos Estados Unidos. E Ryan, que entre outras coisas comanda o American Idol, apresenta o principal "jornal" da rede. É como se o Nelson Rubens estivesse com o microfone na mão na entrega de um importante prêmio e tentasse entrevistar a Luana Piovanni e o Dado Dolabella (pois é, cada um tem o apresentador e as celebridades que merecem). Mas, esse não foi o maior incidente da noite.


Do lado de dentro, já na festa, em determinado momento entra Sacha Baron Cohen para apresentar o prêmio de melhor filme de comédia ou musical. O intérprete de Borat - O Segundo Repórter mais Importante do Glorioso País Casaquistão Visita a América lança no final do semestre um filme com outro personagem seu, Bruno (na foto o ator caracterizado com esse personagem). O mais legal é que Sacha conseguiu colocar um nome ainda maior no próximo filme. Ele se chamará Bruno - A Deliciosa Jornada Através da América com o Propósito de Mostrar Homens Heterossexuais Desconfortáveis na Presença de um Estrangeiro Gay de Camiseta de Malha. Eu estou traduzindo o título do original, no Brasil (quando o filme será lançado dia 31 de Julho) ainda não foi confirmado o nome. Eu já estou com medo do título do décimo filme escrito por ele. Pois bem, mas a polêmica toda não foi essa. Sacha foi descobrir ao vivo e em rede nacional que os americanos não estão achando graça de piadas envolvendo crise econômica. Além disso, Sacha alfinetou algumas celebridades que não estavam presentes mas que são muito queridas. Veja o que ele falou:

"Foi um ano maravilhoso para os filmes, incluindo, é claro, O Curioso Caso de Benjamim Button, a história de um homem cujo rosto fica mais jovem quando ele fica mais velho. Uh, é como a maioria das pessoas nessa sala"
, percebam que o comediante começou mal. Você pode sacanear pessoas que estão no ambiente, mas não começar seu discurso pegando no pé da maioria das pessoas que estão te vendo. Isso deveria ser a regra número um do stand-up comedy. A ideia dele era fazer graça para o público em casa, mas ele não pode ignorar quem está presente na cerimônia. Na sequência ele diz:

"É dito que em tempos de crise econômica, as pessoas vão ao cinema para assistir filmes absurdos, bobos e escapistas, o que é bom, pois eu tenho um filme assim para lançar"
. Foi mais um erro. A intenção dele, que era brincar com o próprio filme, foi deixada para o final. Antes disso ele citou a crise econômica e falou que era algo bom! Logo depos ele fala:

"A crise afeta todos, até as celebridades. Victoria Beckham não come há três semanas. Charlie Sheen teve que fazer sexo sem pagar por isso. E até a Madonna teve que dispensar um de seus assistentes empregados... Sentimos por você, Guy Ritchie"
. Pois é, a ex-Spice Girl a gente deixa de lado, mas Charlie Sheen é um dos atores mais queridos da TV atualmente. Já quanto a Madonna, não tinha problema em falar mal dela, só que Guy Ritchie é um diretor bem relacionado em Hollywood (amigo de Brad Pitt, que estava em uma das primeiras cadeiras). Eu já falei mal do Guy Ritchie na lista dos vinte filmes que mais me desapontaram em 2008. Mas não faria isso na frente dos principais homens e mulheres de Hollywood. Isso coroou com chave de ouro o infeliz discurso do ator, que queimou o próprio filme bonito.

Mas o que interessa mesmo são os prêmios, não é mesmo? Vamos começar com as séries, pois não tenho tido muito contato com os indicados então meus comentários serão breves:

Séries de drama
* Série: Mad Men
* Ator: Gabriel Byrne - In Treatment
* Atriz: Anna Paquin - True Blood (foto acima)
Aqui é onde saiu um pouco do óbvio. Eu estava esperando esse sábado para colocar True Blood na lista dos programas que o blog vê (estreia próximo domingo à noite na HBO) e fiquei surpreso e animado com esse prêmio para Anna Paquin. Sinal que a série mereceu ser lembrada (dizem que a história é bem parecida com Crepúsculo, só que com menos romance e mais terror), mas acho difícil ser melhor que Buffy, que sempre saía desses prêmios de mãos vazias. Já quanto a Mad Men, nem o criador da série garantiu uma terceira temporada. Público e crítica não vem se entendo no que diz respeito a séries de TV.


Séries de comédia
* Série: 30 Rock
* Ator: Alec Baldwin - 3o Rock
* Atriz - Tina Fey - 30 Rock
Deu o óbvio ululante, como dizia Nelson Rodrigues. Eu sempre digo que vou assistir 30 Rock, mas toda semana eu esqueço. E a maoiria da audiência dos Estados Unidos também, já que a série não engrena.


Minissérie ou filme para TV
* Minissérie ou filme: John Adams
* Ator: Paul Giammati - John Adams (na foto acima como o personagem)
* Atriz: Laura Linney - John Adams
John Adams parece ser tão bom que vou assistir com calma um dia e reservar um post para falar dela. Até porque depois dessa moral que o Emmy e o Globo de Ouro deram, se não for boa eu reservo só para meter o pau.

E valendo para todas acima:
* Ator Coadjuvante: Tom Wilkinson - John Adams
* Atriz Coadjuvante: Laura Dern - Recontagem

Dito isso, vamos para os filmes:


Comédia ou Musical

* Filme: Vicky Cristina Barcelona - Está na pequena "lista da vergonha" com os grandes filmes de 2008 que ainda não assisti. Mas escuto falar bem dele. Mesmo com esse prêmio, dificilmente estará entre os cinco melhores do Oscar. Mas a Academia deve fazer menção a alguém e esse Globo de Ouro aumenta as chances de Woody Allen (que nunca vai) concorrer como roteirista, como aconteceu com Match Point.
* Ator: Colin Farrell (Na Mira do Chefe) - Mais um da lista da vergonha. Mas assumo aqui um compromisso de que na quinta, no máximo na sexta-feira, esse e Vicky Cristina Barcelona serão vistos e comentados aqui no blog. Não chegou a ser uma surpresa esse prêmio, já que pelos indicados a eleição estava bem aberta. E tem até lógica sobrarem votos para Colin Farrell e explico porque. Javier Bardem foi mais que premiado ano passado com Onde os Fracos Não Têm Vez e muitos devem ter achado exagero dar dois prêmios importantes para o filme de Woody Allen. O mesmo ocorre com os irmãos Coen, já que Queime Depois de Ler dividiu opiniões e não chega aos pés do filme anterior deles. James Franco fez um filme que nem todos devem ter assistido (Segurando as Pontas) e Dustin Hoffman (Last Chance Harvey) tem incontáveis prêmios ao longo da carreira. Sobrou os dois atores de Na Mira do Chefe. Sobrou para o veterano Brendan Gleeson, que não tem a mesma popularidade de Farrell.
* Atriz: Sally Hawkins (Simplesmente Feliz) (na foto acima) - Quem leu o blog sexta-feira sabia que ela era favorita (e riu de quem falou "Sally quem?"). É o caminho que eu descrevi no outro post: apenas os críticos de Nova York e Los Angeles votaram em peso nela, mais críticos viram o filme, levando Sally a vencer o Globo de Ouro. Para mim fará o mesmo que Marion Coutilard fez ano passado com Piaf e correrá por fora.


Drama
* Filme: Slumdog Millionaire - O queridinho da crítica, responsável pela integração entre Hollywood e seu primo-nem-tão-pobre-assim Bollywood, a indústria cinematográfica indiana. Esse pensamento global da Academia nos últimos anos (Cidade de Deus teve quatro indicações e dizem que foi referência para o diretor Danny Boyle em Slumdog Millionaire) se encaixa perfeitamente com o filme, cada vez com mais força. O bom desse filme aparecer é que aparecerá material para que pessoas que gostam de cinema conheçam as produções da Índia, que tem a maior indústria da sétima arte fora dos Estados Undios. Mesmo assim eu nunca vi um filme daquele país. Anota aí: mais um post, agora falando sobre cinema indiano.
* Ator: Mickey Rourke (O Lutador) (na foto interpretando o personagem-título) - Na hora pensei até que era surpresa Sean Penn não ter ganho. Mas é um pouco de exagero, já que Rourke esteve entre os melhores em Veneza e foi reconhecido por algumas associações de críticos. A história do ser humano que dá a volta por cima gosta de emocionar a Academia e talvez Rourke passe a ter chance com esse Globo de Ouro. Mas Penn deve ser preocupar, porque talvez a interpretação do seu concorrente seja realmente melhor que a dele. É a minha suspeita.
* Atriz: Kate Winslet (Foi Apenas um Sonho) - Essa, para mim, é a surpresa do título do tópico. Eu nem citei isso no post de sexta-feira, mas no início da semana criou-se uma polêmica pois o site oficial do Globo de Ouro divulgou que Anne Hathaway tinha vencido esse prêmio. Eles falaram que ocorreu um erro e não uma antecipação. Para quem gosta de uma teoria da conspiração, eu bolei uma: Hathaway era favorita mesmo, alguém errou (preparou uma reportagem e jogou no ar, fez uma brincadeira ou até mesmo invadiu o site) e, para evitar maiores confusões e colocasse em xeque a premiação, deram para a segunda colocada. Já pensou se levantam a hipótese de que os envelopes são abertos com tal antecedência? Eu inventei essa teoria, mas não acredito nela. Para mim Hathaway, como eu suspeito, participou de um filme denso demais e os críticos aproveitaram a oportunidade de não ter nenhuma interpretação de abalar as estruturas (como foi com Helen Mirren em A Rainha há dois anos atrás) e resolveu fazer justiça com a pobre Kate, que era pra ganhar prêmios desde Titanic (ela e Leonardo di Caprio). Só que exageraram na dose e ela ganhou dois. Para mim teve muito crítico votando nela duas vezes "só pra garantir".


Valendo para todos os filmes:
* Diretor: Danny Boyle (Slumdog Millionaire) - A impressão que dá é que sacrificarão o pobre David Fincher e Danny Boyle será o grande vencedor daqui há um mês no Oscar. A reação do elenco ao seu prêmio mostrou como está a torcida por ele, que merecia ser reconhecido desde Trainspotting.
* Ator Coadjuvante: Heath Ledger (Batman - O Cavaleiro das Trevas) - Mais uma categoria que parece que fechou a conta. Nem James Dean ganhou Oscar depois de morto, mas parece que isso vai acontecer pela primeira vez. Eu tenho uma opinião contrária. Para mim a Academia tinha que recorrer à algo que ela utilizava anos atrás, quando queria premiar algo "diferente" das categorias pré-estabelecidas. Exemplos: em 1938, por conta do lançamento de Branca de Neve e os Sete Anões, eles deram um reconhecimento especial pelo filme, já que era um pouco sem sentido indicar a produção (que era sem dúvida uma das melhores daquele ano e um clássico absoluto do cinema) para melhor filme do ano. Foi até simpático, porque deram uma estatueta de tamanho normal e sete pequenas. Shirley Temple, quando explodiu nos cinemas, tinha seis anos de idade e era sem sentido indicá-la como melhor atriz, ao lado de Elizabeth Taylor, Bette Davis, Judy Garland e outras estrelas. Mais uma vez a Academia deu um reconhecimento à parte. E o mesmo já aconteceu na época em que efeitos sonoros ou efeitos especiais não possuíam uma categoria. Ainda tenho esperança de que é isso que farão com Heath Ledger. Eu sei que pode parecer insensível ou coisa assim, mas eu faria dessa maneira.
* Atriz Coadjuvante: Kate Winslet (O Leitor) (na foto abaixo) - Foi na verdade o primeiro que ela venceu. Aliás, como ficou nervosa a menina, não? Se tremia toda, pegou um papel gigante pra ler, colocou o troféu no chão. Quando ela ganhou a segunda vez ficou uns dois minutos falando "oh, my God, oh, my God!". Como já passava de uma da manhã, eu nem sei o que o vizinho pensou que eu estava assistindo. Brincadeiras à parte, acho que é mais uma categoria fechada pro Oscar. Kate vai seguir o mesmo caminho de Renée Zelwegger que remou, remou, foi indicado por O Diário de Bridget Jones, Chicago, mas só venceu como coadjuvante por Cold Mountain. Penélope Cruz, que ano retrasado me surpreendeu em Volver (eu nunca pensei que ia ver, mas um dia eu disse "volver" - e gostei) não parece ter força para tirar esse prêmio da inglesa.



* Roteiro: Slumdog Millionaire - Quando já está ganhando até roteiro, é porque já pode começar a pedir a conta e fechar a régua. Eu apostaria nele para a categoria orginal (no Oscar é dividido) e para O Curioso Caso de Benjamim Button como adaptado (porque esse filme tem que ganhar alguma coisa - em maquiagem parece que é favorito).
* Canção: O Lutador - Bruce Spingsteen começou com tudo em 2009. Vai cantar no Super Bowl, venceu o Globo de Ouro e pode tirar um prêmio quase certo de Wall*E no Oscar.
* Trilha Sonora: Slumdog Millionaire - Olha o vira-lata aí! Só posso citar porque trilha a gente só vai saber assistindo os filmes e todos que concorriam são inéditos no Brasil.
* Filme Estrangeiro: Valsa com Bashir - É o favorito mesmo da crítica e deve ser muito bom. Seria de bom grado ver uma animação vencendo o Oscar estrangeiro. Mas, esse filme é realmente uma animação? Captura de performance se encaixa em qual estilo? Assunto para posts futuros (senão não saio daqui hoje).
* Animação: Wall*E - Parabéns ao robô que bateu o cachorro e o panda. Essa categoria não precisavam nem anunciar, até o Stevie Wonder viu que Wall*E é infinitamente melhor que seus outros concorrentes.
* Cecil B. de Mille: Steven Spielberg (na foto abaixo) - O prêmio especial pelo conjunto da obra foi emocionante, com belas palavras do diretor sobre o próprio Cecil, que dá nome ao prêmio (Spielberg contou como O Maior Espetáculo da Terra foi fundamental para que ele virasse diretor de cinema). Martin Scorsece entregou ao amigo essa merecida homenagem.


Ainda sobre a corrida do Oscar, outra novidade foi o anúncio dos indicados para os prêmios dos Sindicatos dos Diretores e dos Produtores. O primeiro é um excelente indicativo de quem vai ganhar o Oscar na segunda categoria mais importante. Se Danny Boyle vencer aqui, fica muito difícil baterem ele. O britânico concorrerá com Ron Howard (Frost/Nixon), David Fincher (O Curioso Caso de Benjamim Button), Gus Van Sant (Milk - A Voz da Igualdade) e Christopher Nolan (Batman - O Cavaleiro das Trevas), que é uma surpresa, já que esperavam Clint Eastwood ou Sam Mendes em seu lugar. Pode ser um indicativo de queBatman pode receber mais indicações do que o esperado. Já pelos produtores o mesmo Cavaleiro das Trevas lidera as indicações ao lado de O Curioso Caso de Benjamim Button. Como melhor filme, além dos dois, estão Frost/Nixon, Slumdog Millionaire e Milk - A Voz da Igualdade, ou seja, os mesmo cinco nos dois prêmios. Portanto, fique de olho nesses.