Estreia - 28/10 - Só mesmo a lenda chamada Michael Jackson para me fazer sair do trabalho e encarar um cinema em um dia de uma semana cansativa para assistir a um documentário que fala quase tudo que eu já sei.
Eu não tenho dúvida de que Michael Jackson é o artista que eu mais vi, ouvi e quis ser na vida. Mesmo sendo fascinado por cinema, vai ser difícil um ator ou uma atriz ser tão celebrado por mim do que MJ. Talvez porque só ele conseguiu unir batida, letra, música, dança, imagens - de maneira que nem na música nem no cinema se encontre alguém como ele.
Trago esse texto de retorno do blog para o lado pessoal primeiro porque não tem como analisar This Is It como um filme. É incomparável a sensação de ver seu maior ídolo, que morreu há tão pouco tempo, pela primeira vez na tela de um cinema. Segundo porque não tive a oportunidade de escrever nada sobre Michael Jackson quando este faleceu e aproveito a oportunidade.
This Is It não é filme, nem mesmo documentário. É um recorte de mais de cem horas de gravação, encomendadas pelo próprio artista, documentando apenas os ensaios daquela que seria a volta do Rei do Pop aos palcos. Porém, quem vai ao cinema tem a exata noção da importância desse artista.
Na maioria do tempo, como em todas as vezes que vi algo relacionado a Michael Jackson desde sua morte, o sentimento foi de tristeza. Não só pelo fim da vida de pessoa tão interessante e que eu tanto admiro. A tristeza maior é pelo que Michael Jackson, o homem (e não o mito) deixou de viver por culpa do sucesso precoce e de todos os fatores que a maioria conhece e que não preciso elencar. Como fomos injustos com MJ e que pena que o perdemos tão cedo.
Como disse anteriormente não há no mundo artista que eu conheço melhor que MJ. Todos os discos, clipes, músicas, tudo. Porém, nunca me canso de ver as performances do cantor. A imagem de Michael Jackson nunca soa desgastada. Nem em This Is It, que estreia em um momento em que o mundo consome Michael Jackson há meses e, no que diz respeito às músicas e às danças, pouco ou quase nada de novo é trazido pelo filme.
Depois do morno começo com Wanna be Startin' Something e Jam (talvez pelo surpreendente silêncio dos primeiros momentos, algo raro em uma sala de cinema lotada), o primeiro indício de que This Is It se transformaria em um show inesquecível é o efeito da multiplicação dos dançarinos em They Don't Care About Us.
Os acordes de Human Nature me fazem lembrar pela primeira vez do velório do artista - momento em que John Mayer utilizou-se dos mesmos acordes para homenagear MJ. Há partes divertidas e surpreendentes como o "triângulo amoroso" entre Michael, uma Rita Hayworth no papel de Gilda e Humphrey Bogart em Smooth Criminal - quando o telão materializa Nova York.
Partes de reflexão como o momento em qual MJ se preocupa em passar a mensagem de proteção à natureza (uma das bandeiras do artista ao lado de sua preocupação com as crianças, que só aparecem ao final dos créditos), com espaço para as belas imagens de Earth Song no telão que prometia revolucionar as apresentações musicais.
Há também a versão 3D de Thriller "encontra Tim Burton", que seria um dos pontos altos do show. Porém, depois de tudo o que aconteceu nos últimos meses, a emoção maior - pelo menos para mim e para o público da sessão - aconteceu em I'll be There (na parte em que MJ fazia referência aos primeiros anos da carreira ao lado dos irmãos), uma de suas canções que tem sido mais executada e que mais faz sentido após sua morte.
O blogueiro que vos fala não sairia com uma gota de insatisfação dos shows da turnê de This Is It, pois suas músicas preferidas, The Way You Make me Feel e Man In The Mirror, estavam garantidas. A grande revelação ficaria por conta da bela guitarrista (perdão por não saber o nome), que arrebenta em Beat It e Black Or White.
Nos poucos momentos em que a música não rola, um Michael Jackson carinhoso, sempre calmo mesmo na busca pela perfeição, só aumenta a adoração do público por sua pessoa. O artista, diferente da maioria, queria que as músicas soassem como as versões dos discos, deixando os fãs confortáveis para cantar e dançar com ele cada segundo. Percebe-se muito bem isso ao final, quando ele executa os passos de Billie Jean da mesma forma que em 1984, quando chocou o mundo ao mostrar o Moonwalk pela primeira vez no show de 25 anos da Motown.
Não dá para se cansar de ouvir aquelas músicas e se o filme fosse dividido em 50 com todas as 100 horas de gravação disponíveis, ainda assim seria uma excelente programa assistir. Mas This Is It não é um filme, nem um documentário. É mais um recorte que se transformará em referências que se somam às outras que tenho de Michael Jackson - assim como o longa Moonwalker.
É apenas mais uma coletânea de performances perfeitas do artista de obra irretocável. Ao final, as pessoas na sessão efusivamente aplaudem. Não é o roteiro, a direção, a competência de Kenny Ortega, a simpatia dos dançarinos, a beleza da guitarrista. Nada. Todo mundo foi ali na esperança de ver talvez pela última vez algo inédito de seu ídolo, sendo a última chance de celebrar sua carreira.
Ironicamente o blog volta com um extenso (e por isso peço desculpas) e talvez cansativo, inútil, repetitivo e chato comentário sobre um filme que eu não considero filme. Por isso que abro uma exceção e não atribuo valor ao que vi. Michael Jackson, o artista que me apresentou à música, à dança, que me fez fã de canções bem interpretadas, de coreografias sem falhas, de efeitos especiais, de belas imagens (resumindo: fã de cinema) não pode ser avaliado por pessoa tão pequena.
Sem nota